Felizes Anos Velhos, mas que venha o Ano Novo.

O que escrever na última crônica do ano? Aliás, que ano!

Para mim, o mais difícil que eu já vivi, só rivalizou com 2012, outro com 365 dias de amargar.

Em 2018 penei tanto que se eu fizesse uma retrospectiva, acho que não sobreviveria aos impactos novamente. Quando pensei nesta última crônica, ela se chamaria Feliz Ano Velho, plagiando o Marcelo Rubens Paiva. Eu ia falar de tudo o que os passar dos anos vai me tomando.

Das férias na Prainha com TODOS os meus primos, alguns dos quais passo, por vezes, meses sem ver. Ia falar da casa do Tio Antônio, com cajueiro pra gente subir e canil com filhotinhos de Rottweiler que enchiam nossas férias de diversão. Ia falar também da praia de manhã, regada à laranja descascada pela minha mãe e minhas tias em escala industrial pra abrandar a nossa forme por horas e horas de sol e mar. Ia falar do morro à tarde e dos din-dins que a gente mal esperava congelar pra devorar.

Eu ia falar da minha juventude. Dos feriados na casa de praia da Sofia. Da época em que descobri que, além das minhas primas (os), era legal demais ter amigas (os). Era muito bom poder estar perto de pessoas que também escolheram estar perto da gente, por afinidade, por carinho, por amizade mesmo. 

Ia falar do tempo em que não tinha ninguém doente. Do tempo em que a pressão de todo mundo era 12 x 8 e que os exames de sangue só eram protocolares. Saudades do tempo em que ninguém morria e que a gente podia fazer muitos planos pro futuro, porque esse tal futuro era láaaaaa longe e não nos ameaçava. Hoje, eu só vivo o hoje e tenho medo do amanhã.

Eu ia falar do tempo antes Bolsonaro x Haddad, no qual a gente não conhecia tão bem todo mundo e não sabia do que era capaz capaz de fazer em defesa de nossos “ideais”. Saudade de ser meio ingênua.

Acontece que entrou Dezembro e esse mês, pra mim, é muito… (pera, tô buscando uma palavra diferente de “foda” que defina o que este mês é pra mim, mas não tô encontrando) intenso. Pronto, achei!

Intenso porque ele mexe com todas as emoções. Ele me leva para a infância, porque minha família fica muito unida em prol do Natal. Temos os ensaios do espetáculo da “grande noite”, temos a confecção das fantasias, temos as gargalhadas, as madrugadas e tudo isso incrementado pelas crianças que se proliferam no nosso seio e que são ótimas. Olha, se eu contar as coisas que o Nelsinho anda falando, cê nem vai acreditar.

Acontece que o Natal da minha família vai aparecer (estou escrevendo esta crônica no dia 23 de manhã, hoje à noite é nossa!) no Fantástico, da rede Globo, na matéria: Um Show de Natal. Assistam! Vou colocar o link aqui. Por conta disso, todo santo dia mais de 20 pessoas dos nossos estamos nos reunindo para deixar tudo lindo para a gravação – que já foi – e para a tal Grande Noite! Acontece que a minha amiga do Rio disse que vai reunir a família dela pra assistir o Fantástico pra ver a minha família.  Acontece que que minhas amigas da adolescência me chamaram pra uma festa de Natal do grupo delas e me colocaram no grupo do whats app, e ser incluída em grupos de whats app consolidados é prova de amor. Acontece que isso mexeu comigo.

Mexeu porque, depois de tanta dificuldade que este famigerado 2018 trouxe, ele não foi maior do que a esperança, ele não foi maior do que minha capacidade de olhar pro lado do sol, pro calor e de correr pro mar. Ele não conseguiu minar minha vontade de buscar novas vias, feito o sangue que dribla o enfarto quando a aorta tá obstruída e salva o paciente. Eu me reinvento em meio à dor. E sei que você também.

A memória é seletiva e, porque mais que eu fique dizendo pra ele toda hora que ele foi uma bosta, eu olho pra trás e consigo até sorrir para este ano que já está ficando velho. Me lembro dos dias de viagem dormindo e acordando e achando graça e conversando e conhecendo e me emocionando ao lado dos meus pais. Depois, com eles e minhas tias. Me lembro que fui à dois (D O I S) shows do Chico Buarque e que vi meus olhos azuis mais lindos de pertinho D U A S vezes (mas ainda não o encontrei pelo Leblon. Sigo esperançosa, nosso dia vai chegar, Chico).

Penso que minha amizade com o meu sobrinho, o Nelsinho, só cresce, a gente se quer tão bem. Eu já mudei tanto depois dele, tornei-me uma pessoa mais ligada em pessoas, muito mais paciente. Revi meus conceitos sobre palmadas, Galinha Pintadinha e a Peppa Pig. Você conhece a Peppa? Ela é ótima! Mas a gente gosta mesmo é dos Thundercats porque Nelsinho é vintage. Olá, eu sou a Shitara!

Acontece que eu deixei ir pessoas que precisavam sair e deixei entrar quem eu não conhecia e foi ótimo conhecer, mesmo que, depois, tivessem que sair também. E eu fiquei, ótima! Aliás, estou adorando essa fase em que as pessoas saem, mas não me levam. Isso é libertador. Aliás, ser livre é libertador!

Pois este 2018 chega ao fim. Ufa! Que venha o próximo, neste contínuo só de ida que somos nós. Rogo pra que seja mais leve um pouquinho, que tenha mais calma em me apresentar o que terei de ver, mesmo não gostando. Por hora, vou indo ali pra Noronha com a Bia, ganhei as passagens da Beta e do Luís, acredita? Ao fundo, lá no quarto dele, meu pai assobia uma música linda que deve ser de sua autoria.

É, vai ficar tudo bem.

Feliz 2019!

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