Rotina

volta pra casa

É de novidade que se alimenta esta rede social pela qual eu falo com “Alguém-Ninguém”*, que pode ser você, se é que você está aí.

É uma postagem logo cedo do café, de uma tapioca, um cuscuz – a comida varia de acordo com a região do país onde você se encontra: se Minas, pão de queijo, se Rio, chá mate, se Belém, açaí e por aí vai. Claro que dá pra comer de tudo em qualquer estado, mas, você entendeu, né? Achar cuscuz numa cafeteria do Rio não será coisa simples.

Mas não é da cultura gastronômica brasileira que se trata a minha crônica de hoje. Ela se trata da boa e velha ROTINA.

Eu como todo santo dia a mesma coisa, até porque eu costumo seguir uma dieta, então: ovo para os músculos, tapioca ou pão integral para carboidratos, queijo para a gordura – que não está na dieta, mas sem queijo não dá – e um café com leite para aquecer meu coração que, aqui, acolá, fica aflito.

Devo confessar algo: eu AMO rotina. Eu AMO quando chega a segunda-feira. Eu não gosto do domingo, não pela véspera da segunda, mas porque é aquele dia que até a programação da TV é ruim, nem novela tem. Acho um dia tedioso e ansioso ao mesmo tempo, quando é preciso ir à praia, descansar, beber pra aproveitar, só que pouco pra não atrapalhar a semana. Geralmente é dia de ir embora de algum lugar… Enfim, um dia, no mínimo, confuso.

Já na segunda-feira a gente volta botar a vida em ordem. Não que eu goste de uma vida operacional, nada disso. Tenho horror à monotonia. Só que para a cabeça se manter organizada e para que funcionem as coisas que precisam funcionar, para que projetos aconteçam, para que sonhos se realizem, para que as tarefas sejam cumpridas, é preciso que haja a rotina e ela é muito igual a cada dia. Lógico!

Se a pessoa é “influencer” fitness, ela vai ter que malhar todo santo dia, geralmente no mesmo horário. Só vai mudar a roupa, dependendo da quantidade de patrocinadores que a influenciadora tem. Muda também a marca da barrinha de cereal e da creatina, mas, veja, bem, apenas detalhes. A rotina é a mesma.

A influenciadora do look do dia também tem lá a sua rotina: acorda, banho, café da manhã, escova os dentes e… Qual será a roupa de hoje? Sem dúvida não daria pra mim, porque saio de casa com roupa de academia e não consigo pagar o preço de um vestido em uma calça de malhar. Resultado, são pouquíssimas as minhas variedades.

O que muda na rotina, no dia a dia, é o que não dá pra fotografar todo dia. É um pensamento novo, é uma virada de chave sobre aquele assunto que vinha malparado há tempos, é uma leitura nova, é um novo entusiasmo, um convite do nada para ir pro Rio de Janeiro. É uma sensação ruim que se abateu, é uma nova preocupação, uma manchinha estranha na pele, uma angústia… Melhor não clicar, melhor nem postar.

E ontem foi sete de setembro. E esse feriado voltou a ter a sua função de sempre: se cai na semana, o povo vai à praia, viaja pra serra, vai no parque com as crianças, dorme até mais tarde… Se cai no final de semana, não muda quase nada, até porque nem as lojas fecham nos shoppings mais. Quem é de praia, vai à praia, quem é de seriado, vai de seriado… Eu não gosto de ir ver o desfile na avenida, sempre achei monótono e angustiante ao mesmo tempo, mas quem gosta vai e está tudo certo. Só de não ligar a TV e escutar o coro vestido de CBF, gritando “imbrochável” seguido do hino nacional, já é um ganho. Voltar à rotina é uma delícia.

Democracia assegurada – a duras penas, eu sei – mas está aí, a gente segue sem militares na nossa porta vindo cassar livros e discos “subversivos”. Deus me livre de não poder ouvir Chico Buarque. Afasta de mim esse cálice, pai!

Espero que seu dia sete de setembro tenha sido tranquilo, uma rotina como era e voltou a ser.

Boa semana pra gente!

*Essa expressão Alguém-Ninguém eu peguei de uma crônica do Caio Fernando Abreu chamada “Mais uma carta para além dos muros”, crônica doída que ele escreve uns dois meses antes de morrer dragado pelo vírus HIV. Mas eu falo sobre isso quando eu não estiver falando de rotina.

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