Crônica Crítica

Agora que sou aluna de faculdade, eu cumpro ordens. Isso mesmo, professor ordena e a gente faz, se não leva zero e não se forma. 

Eu escrevo crônicas toda semana, tenho um repertório inesgotável de temas dos quais quero falar e dividir com vocês. Posso escrever todos os dias, até, porque o que não me falta é assunto, mesmo que eu viva com medo de me dar um branco e eu travar e nunca mais conseguir ter uma ideia que preste pra expor por aqui.

Oxalá isso nunca aconteça… Ai meu Deus, será que tô invocando Oxalá em vão? Serei castigada? Terei brancos horríveis? Não criarei jamais? Oxalá, isso nunca aconteça… Ai meu Deus!

A realidade é que estou aqui com duas missões: a primeira delas é escrever a crônica de quarta-feira para publicar às 11h no meu blog, conforme apalavrei com meus leitores. E, pra mim, que tenho uma alma de velha, a palavra vale mais do que rubrica.

A segunda missão, e é essa que tá pegando, é escrever uma crônica CRÍTICA – escrevo e vejo o rosto da professora enaltecendo esta palavrinha, se não for CRÍTICA, não vale. Quer dizer, até vale, mas só vale zero.

Mas eu não quero criticar nada nem ninguém, não, teacher, o mundo já anda se criticando tanto, se digladiando, se odiando e eu ainda vou botar mais lenha na fogueira?

Ademais, eu vou criticar quem? Primeiramente – fora Temer – os políticos? Tô achando meio fora de moda já, todo mundo tá fazendo e a Glorinha Kalil disse que quando todo mundo pensa que alguma coisa está na moda, é porque já saiu de moda, não use. Falar dos empresários está no mesmo bonde dos primeiros citados, caiu em desuso, sou de vanguarda, não posso, não vou.

Já sei, vou criticar os projetos de inclusão social. Vou dizer que o Bolsa escola, que cresceu e se tornou o Bolsa família o ProUni, O Fiés, o Minha casa Minha vida é tudo um populismo daquele barbudo sem dedo que mantém a população alienada com esmolas e nunca vai prover uma real mudança nessa camada necessitada, porque ele só quer o voto. Tipo o Sarney, que mantém o Maranhão à míngua e refém. Tá aí, uma crítica da p@##$ essa.

Ah, não! É da p@##$ coisa nenhuma, supermanjado isso já. O Sarney já é mais do que manjado, aliás, uma múmia, aliás, há quem diga que ele já morreu, mas não desencarna, tá lá e vai ver o meu enterro e o seu da cadeira do congresso. E falar dos projetos sociais já tá batido também, tem um monte de gente que a vida inteira estudou em bons colégios, graduou-se em Haward, fez intercâmbio em mandarim, ou em inglês mesmo, só que na Nova Zelândia – New Zeland-, porque não tem nada mais popular e cafona do que fazer intercâmbio nos Estados Unidos, né gente? Pois bem, essas pessoas já têm o discurso crítico completo dos programas de inclusão social, para muitos deles, pra que é que pobre precisa estudar, minha gente? Nasceram pra ser escravos até o próximo apocalipse que virá dizimar a espécie humana.  Logo, não preciso criticar ainda mais.

(Muitos entenderam, mas não custa reforçar, contém, MUITA, ironia no parágrafo acima. Com relação ao Sarney, é tudo verdade).

Vou ser reprovada, porque não quero criticar, só queria falar de amor

Então não vou criticar ninguém, mas alguma coisa. Que tal criticar o amor? Que tal difamar esse sentimento que nutrimos em nós por outrem que muitas vezes “só pisa aqui nesse meu coração que é só teu, todinho teu” (Jacob do Bandolim me renda!)? Que tal descer o sarrafo nesta condição vulnerável e miserável que é a de amar? Ficamos submetidos às vontades e desmandos de um ser nunca dantes visto e nos colocamos como mendigos em busca de um prato de comida da alma, de um tiquiho de afeto?

Por que raios não nos amamos e pronto e nos ligamos a alguém só por questões de ordens práticas, como ter uma companhia pro cinema e pro chopp em seguida, por exemplo? Tá explicado, a culpa é do amor. Todas as mazelas do mundo advém do amor, do desamor, sei lá, mas a raiz é ele.

Como é ruim, o amor, meu Deus! Oxalá isso nunca aconteça. Ai, meu Deus, foi mal aí, Oxalá, precisa nem me ouvir, foi só força do hábito.

Amor criticado partamos para a próxima vítima, pois tô pegando gosto, tô ficando boa nisso.

Posso falar da falta de cuidado com os mares, posso falar de como o ser humano anda vazio, intolerante e impaciente e, por isso, está deixando o mundo inteiro cheio de fúria e ódio. Culpa das redes sociais, tenha certeza.

Posso falar das novelas apelativas e oportunistas da Globo golpista as quais não paro de assistir. Posso também falar mal da Fernanda Lima que saiu nua na capa de uma revista veiculada no Domingo de manhã. Publicação esta também da Globo golpista, oportunista e apelativa. Absurdo! E as famílias, meu povo? Naquele dia você tomou café com tapioca e bunda. Tudo bem que era dura, tudo bem que ela tem 40 anos, tudo bem que é de fazer inveja, mas Domingo de manhã?

Posso criticar a minha dor no joelho, a dor de cotovelo, os medos que me rondam e criticar até a minha terapeuta que resolveu participar de um congresso de Psicanálise sei lá aonde e me abandonou por duas semanas…

Sei não, melhor eu parar por aqui, se não, daqui a pouco eu vou começar a criticar você, aí você não vai mais querer me ler e todo o meu projeto vai por água abaixo.

Oxalá isso nunca aconteça. Ai meu Deus, ajuda Oxalá porque agora é de verdade.

 

 

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