A tecnologia não é o progresso
A demolição não é o progresso
A poluição não é o progresso
O consumo não é o progresso
A nova mina de petróleo não é o progresso
A polarização não é o progresso
A guerra não é o progresso
O desmatamento não é o progresso
A briga não é o progresso
A fake news não é o progresso
O vídeozinho de política compartilhado pelos grupos de Whatsapp não é o progresso
A ditadura não é o progresso
A exclusão não é o progresso
A família tradicional não é o progresso (ela, na verdade, faz sofrer muitas outras famílias tão bonitas quanto pode ser uma família tradicional, que pode nem ser tão bonita assim)
A manutenção das castas não é o progresso
A desigualdade social não é o progresso
O saco plástico não é o progresso
Lançar esgoto nos rios não é o progresso
O apagamento da memória não é o progresso
Não olhar para os erros do passado não é o progresso
O smartphone não é o progresso (ele vem sendo é um veneno)
A expulsão não é o progresso
Viver em uma bolha não é o progresso (mas sei que, por vezes, é uma opção pela sobrevivência)
A música sertaneja não é o progresso
O agro que é puro pesticida não é o progresso
Destruir e poluir as terras indígenas não é o progresso
O capitalismo desenfreado não é o progresso (não, eu não sou comunista, porque ele também ainda não provou sê-lo)
O neoliberalismo não é o progresso (ele só vai privilegiar quem já é privilegiado)
Hoje, com a notícia de que mais um edifício tradicional da minha cidade, uma das construções mais bonitas que ainda restavam por aqui, foi demolido. Até enchi os olhos de lágrima. O ser humano anda tão predador que já não sabe mais pra onde ir e resolveu subir. Aqui, em Fortaleza, a cidade anda virando uma pseudo Dubai com edifícios com trinta, quarenta andares, a coisa mais feia do mundo.
Diante dessa tragédia em que nos enfiamos, essa que nos obriga a consumir, consumir e consumir porque só assim a gente entende que o progresso está acontecendo e que é neste futuro que devemos apostar, vai nos levar a um naufrágio. Aliás, já está nos levando, seja literalmente no Rio Grande do Sul, seja em Los Angeles, seja em todo o globo que anda alagando, anda queimando…
Fico com o pensamento de Ailton Krenak: a forma do homem branco estar na Terra é muito errada. A Terra para o homem branco é algo que pertence a ele e não da qual ele faz parte…
É isso.