Carta de amor.

Eu amava a tua paciência. Amava o teu jeito de esperar calmamente que a minha ansiedade desse, enfim, um rumo para o nosso sábado.

Eu amava o teu jeito de amar o meu jeito. De me fazer companhia nas minhas novelas, deitado no chão – como eu gostava de ficar e gosto até hoje – com seu tablet que te contava as tragédias do mundo, enquanto eu me alienava com as do Manoel Carlos, e chorava.

Eu amava o teu suporte. Teu jeito de se fazer presente quando a barra pesava realmente pro meu lado. E essa barra podia ser real, ou só emocional mesmo, como aquela vez em Paris que você correu pra me socorrer.

Eu amava implicar contigo, rir de ti, mesmo sem você achar a menor graça e aí eu achava mais engraçado ainda. Meu riso é frouxo… e o choro também. 

Eu amava tuas ligações. Aquelas que eram umas sete vezes por dia, no começo. Depois mudou a quantidade, mas eu amava mesmo assim ver o teu nome na tela. Mesmo que você não gostasse de falar tanto e eu ficasse querendo puxar assunto pra não desligar e você sem paciência… Mas essa carta é de amor, então, só fica o que eu amava, ok?

Eu amava quando a gente cantava no carro e você ficava impressionado como eu sabia qual era a música no primeiro acorde. Eu amava quando a nossa rádio carioca preferida, a MPB Fm saía do ar no túnel e eu ia cantando à capela e conseguia estar na nota certa quando a gente via o céu de novo. Você sorria. Hoje a MPB Fm saiu completamente do ar

Eu amei quando você descobriu meu gosto para vinho (cowboy), e eu amava ver você se preocupar em escolher somente os vinhos que eu amava para tomar comigo, mesmo quando você preferia um mais suave naquela noite.

Eu amava quando você me propunha momentos mágicos. como as idas repentinas para o Rio de Janeiro, que você sabia que me deixava feliz em grau mil. Como naquela vez que você me deu a passagem pra eu ir pro aniversário de trinta anos da minha amiga.

Eu amava como você embarcava em minhas fantasias. Tínhamos até uma filha com nome, gostos e tudo mais.

Eu amava como você se preocupava em encontrar todas as minhas encomendas de viagem – inclusive os inúmeros “browneys rei” traficados do Rio pra Fortaleza e alojados feito calorias em mim.

Eu amava como você curtia escolher presentes pra mim, mesmo eu monopolizando a loja – FARM, no caso. Fazia com tanto gosto que, mesmo que eu não gostasse tanto, eu usava e depois passava a amar. Sim, você é mais fashion do que eu.

Eu amava quando você insistia em saber o motivo do meu choro. E amava quando você sabia que eu não conseguiria dizer e só me dava colo.

Eu amava a sua satisfação em me ver feliz. 

Eu amava o teu abraço, mesmo você não gostando tanto de dengo e chamego.

Eu amava ter você meu porto, ter você por perto, mesmo que de longe.

Eu amava o teu jeito de me amar. E eu amava a segurança de me sentir amada por você.

Eu acho até que ainda amo.

Amor assim só se transforma, num vai embora da gente não.

Com amor,

Lu

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