eu onde mais gosto de ficar, no meio deles

Orgulho de mãe e pai

“Estou muito orgulhosa de você.”

Disse a minha mãe ao ver uma arte que criei para a crônica da semana passada (essa aqui). Sem falsa modéstia, eu também fiquei orgulhosa de mim, por dois motivos: 1 – Eu nunca tive o menor senso de design e ando metendo as caras e, confesso, às vezes faço umas coisas que até fico duvidando de que fui eu mesma. 2 – A ideia foi bacana, eu achei, confere lá e me diz se você também gostou (diz que sim, tá? rsrs).

Bem, eu venho escrevendo há uns cinco anos e há dois eu tenho levado isso como profissão e venho me dedicando diuturnamente, fazendo cursos e mais cursos, o que culminou com uma pós-graduação em andamento e, quem sabe?, um mestrado ou doutorado no ano que vem. Tô empenhada.

Acontece que as coisas ainda não aconteceram conforme eu pretendo – nem posso dizer conforme o planejado, porque planejar não é meu forte. Primeiro porque eu sou desorganizada de alma, logo, isso é externado em minhas ações. Planilha de excel é mesmo que a morte pra mim, prefiro e tateando o terreno, com determinação, claro, e vendo no que vai dar. Segundo, porque escrever é algo que faço com coração e planejar coisas do coração nunca funcionou muito. Haja vista a quantidade de casamento que não funciona, mesmo que não dê em divórcio, mas eu não vou falar disso não.

Acontece que, por mais que a gente busque reconhecimento na vida, busque ganhar dinheiro, ter sucesso, muitas visualizações nos stories, muito clientes, admiradores, fãs, regalias, etc. Por mais que o propósito da vida de cada um seja deixar um lastro, um nome, alguém que seja lembrado após a morte, existe uma única coisa que supera tudo isso e, descobri hoje, é para isso e somente para isso que você acorda todos os dias:

DAR ORGULHO A PAI E MÃE.

É neles que você pensa quando vai escolher uma profissão, ainda que sua escolha não os dê motivos de orgulho, você pensa neles sim e lamenta por não estar agradando. E acaba se esforçando em dobro pra dar certo na vida e mostrar pros seus genitores que eles podem voltar a se orgulhar de você.

É a eles que você agradece todos os prêmios que ganha, seja mentalmente ou em público. Vejam os jogadores de futebol, os campeões do big brother ou o Nobel da paz, ou mesmo no Xou da Xuxa… E o beijinho vai pra quem? (se você tem mais de 30 anos certamente completará a frase corretamente).

É pra eles que você dá a primeira ligação quando algo dá certo e quando não dá também, porque é de lá que sai a sua força.

Não são seus milhares de subordinados dizendo que você é um ótimo líder, não é o seu chefe te promovendo a cada dois meses, não é nem o seu marido ou a sua mulher te elogiando no final do dia – isso conta bastante e é de suma importância, mas não é o que mais toca. Até porque marido e mulher cobram, e muito, e reclamam também, e como! E pode ser que você venha a ter uns dois ou três ou mais na vida, logo, nem precisa fazer tanto esforço pra agradar assim, se a criatura não tá satisfeita contigo, dá logo um é na… Ai desculpa, não quero meter a colher aí não.

É dar orgulho a pai e mãe o que nos edifica e ponto.

É aquele abraço junto com o sorriso e aqueles olhos que já te miraram tanto, já com as ruguinhas que mostram há quanto tempo estão do seu lado, cheios de brilho te recebendo de braços abertos depois de um dia de labuta, quando você resolvu passar na casa deles pra tomar um café.

É aquela oração que você faz toda noite e agradece aos dois, quando já se foram, por estarem guiando teus passos e abrindo teu caminho.

É aquela mensagem pra mostrar um feito seu, pode até ser uma gracinha do seu filho, não deixa de ser seu feito, e uma reposta cheia de admiração dos que te fizeram. Tem deles que acendem vela, que pedem oração pra você ter sucesso na entrevista e contam, orgulhosos, para parentes e amigos o seu sucesso.

Até quando você não tem muita afinidade assim, ou quando vive em desavenças, até quando você diz que não tá nem aí pra eles – e você pode ter razão – mas até nesses casos a pessoa gostaria de dar orgulho a pai e mãe e reverter todo aquele mau entendido de uma vida inteira.

Não sei ao certo por que, mas imagino que tenha a ver com útero, com o nosso lado criança que nunca nos abandona e está sempre precisando de colo, aconchego, amor incondicional, desses que não cobram tanto pra amar, ainda que brigue de vez em quando.

É aquela certeza de porto-seguro, de bolo quentinho com café, daquela fala grossa de pai que parece construir uma rocha de proteção quando ecoa em nossos ouvidos…

Aí você ouvir dessas duas pessoas que dizem tanto do que você é pro mundo, que são lar a vida inteira, que te amam mais do que você a você mesma: “Estou muito orgulhosa de você”, minha gente, é como ganhar na mega sena. É como se reenergizar numa cachoeira de águas termais, é como sol cedinho da manhã no corpo com barulho de pássaros, é vitamina C, é suco verde que te dá saúde pra seguir em frente.

É vida, é o melhor reconhecimento do mundo. O resto a gente conquista depois.

eu no melhor lugar do mundo, esse abraço.

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