Vergonha!

Eu morro de medo de você.

Não, calma, você não me fez absolutamente nada. Na verdade, eu nem te conheço, ou posso conhecer até, mas você não me fez nadinha. Aliás, você só me faz bem. A medrosa sou eu, eu que morro de medo.

Desculpa, eu vou me explicar, mas é que antes eu precisava desabafar. Eu tenho um medo danado porque eu morro de vergonha e a vergonha, ela apavora. Ainda mais pra mim que sofro de ambiguidades. Por um lado, o que eu mais amo é me conectar com pessoas, interagir, trocar, conversar, só que, por outro lado, lado igualmente igual (o medo faz a gente ficar redundante) ao lado que se atira, esse outro lado morre de vergonha. E de medo.

Eu acabei de ler um artigo da Joana Canabrava, do @futilidades, no qual ela fala sobre rivalidade feminina, em como nós fomos educadas para nos comparamos entre nós e no como essa comparação atrasa o nosso desenvolvimento, pois, enquanto estamos nos comparando e focando energia em nossas “fraquezas”, a gente não está gastando energia com o que realmente importaria, o nosso desenvolvimento, como pessoa, como profissional, como mãe, como mulher.

Penso que a gente só tem vergonha porque se compara demais, daí a gente acha que fulana se deu bem a gente nunca vai chegar lá, porque não tem os atributos dela… Enfim, todo mundo sabe que isso faz mal, que não é bem assim, que  ninguém brilha a toda hora, mas a gente tá sempre ali, se martirizando, se comparando e se diminuindo.  

Ninguém acredita, eu disfarço superbem. Como bem disse Clarice Lispector, eu sou uma “tímida ousada”. Quem me vê nos vídeos aqui nem sabe da minha jornada até dar “enter” e subir pro stories. Sei nem se ainda se usa esse termo subir. Pois bem, demorei, mas fui. Subi.

Acontece que eu me acostumei e já tava achando de boa publicar meus vídeos gravados. Acontece que nesse contemporâneo ninguém pode ter sossego e você tem que sair da “zona de conforto” e eu odeio essa frasezinha de efeito porque é uma delícia a “zona de conforto”. Veja, a minha confortável zona  tem cerveja e brownie, até, ela é ótima. Se juntar com minha cama e um bom livro, vish!, quero mais nada.

Porém isso não empurra ninguém, só engorda e, agora, buscando sair total da mesmice e mergulhar no mundo da internet, eu ando fazendo #lives… Essas famigeradas transmissões ao vivo nas redes sociais que a gente vai lá, bota a cara no celular pra quem quiser ver e só uma meia dúzia de três ou quatro, como diz meu pai, é que aparece pra dar um oi. E geralmente é gente conhecida, o que te deixa com mais vergonha ainda. Às vezes só tá você e a conhecida na live, é de doer. 

Devia o Instagram aliviar e não dizer pra quem entra na #live quantas pessoas tem lá na “sala”. Sala, cada um na sua sala, seja a da casa, a do quarto, a do escritório… Tudo é virtual nesse mundo entupido de pouca gente disposta à conexão real.  

Às vezes entra uma amiga tua e fica lá só por pena, pra não te deixar falando sozinha. Para essas anjas, eu já aviso e facilito a vida, pode sair, não precisa ficar, juro, até prefiro, pois fico menos constrangida. Digo que estou só fazendo um teste. u odeio pensar que alguém tá fazendo alguma coisa só pra me agradar., ou por consideração a mim. Eu já fico achando que eu tô emperrando a vida de alguém e fico tão sem graça… Seja que coisa for, qualquer uma coisa, se não for de, no mínimo duas pessoas, pode deixar que eu faço só. Prefiro.

Não, não, não tô expulsando ninguém, o que mais quero é vocês perto de mim, mas é porque eu morro de vergonha e a vergonha dá medo e medo é ruim demais de conviver. É o tempo todinho a gente tendo que se desafiar, esse capitalismo doido dizendo que a gente só pode tá se for produzindo, crescendo e eu doida pra crescer porque eu vivo no capitalismo… Eu só tô é desabafando que, no fundo, no fundo, eu tenho medo: de parecer ridícula, babaca, boba. Virginiana é f@#$.

Aí, nessa hora, eu paro pra pensar nos políticos. Vejam bem, a gente paga o salários desses desgraçados, que ficam toda hora deliberando o aumentos dos próprios salários, que a gente paga, e eles não têm a menor vergonha de dizer que não tem culpa de nada, ainda aparecem na TV com uma empáfia como se mandassem no Brasil, como se fossem os donos da bola, como se a gente estivesse em uma situação menor.

Vão se lascar tudin!!!

Pois eu não vou mais ter medo de vocês, porque, ao contrário deles, eu só quero mesmo é que a gente converse, reflita, cresça juntas, discorde, debata e cresça juntas ainda mais.

Vamos nos dar as mãos? Assim o medo passa.

E por falar em dar as mãos, no dia 23/02 eu vou estar ao vivo, de carne e osso e medo, num evento lindo chamado Com Escrita, Com Afeto. Eu, @cacautells e @lareando_ vamos falar sobre como a escrita nos leva à reflexão e nos salva das nossas próprias questões. O tema do primeiro encontro vai ser ESTADO CIVIL: MULHER. E eu tenho certeza de que você tem muito a colaborar com o nosso debate.

Vem participar! É de graça;

Vai ser no Mercado do Café (@mercadodocafe), na rua Rua Padre Francisco Pinto, 186 – Benfica, Fortaleza.De 10h às 11h. 

Vem conversar com a gente.

Eu vou amar.

Ah! E toda terça-feira, às 15h, eu estarei na #live do Instagram. Passa lá pra me dar um Oi na hora do cafezinho da tarde no trabalho. 

Bjs,

Lu 

Maria Sem Vergonha, o que eu queria ser 🙂

2 respostas

  1. Pode ser que a vergonha seja uma protagonista nesse hiato entre emissor e receptor. Ficarei atenta. De qualquer modo, deixo a vergonha de lado e, como relatei no Facebook, digo: sua coragem é inspiradora!

    1. Adorei o comentário, Gisele. Sim, a vergonha é essa protagonista – ou antagonista – mas, como bem falou Clarice, sou uma “tímida ousada”. Que bom que você também deixou a sua de lado. Beijos, querida!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.