Às vezes fica difícil. 

Às vezes fica bem difícil conjugar essa coisa imensa que é o amor.

Às vezes cansa, dói, exige. Vezenquando a gente tem raiva, perde a paciência, se aporrinha.

Tem hora que a gente não tem tempo, não tá a fim, não quer nem saber.

Vira e mexe a gente tenta esquecer, seguir sozinha vida à fora, não tem a menor vontade de ser dois.

Às vezes a gente se cobra tanto que nem dá espaço pra desenterrar um amor que ficou empoeirado, ali, debaixo de escombros  cotidianos, como a raiva, o rancor e a mágoa.

Outras vezes, o amor ficou pra depois. Àquele amor com cara de início, de encanto, ele ficou pra depois, pra depois da gente ficar gostosa, depilada, com os filhos banhados e dormindo, de uma carreira de sucesso que nos consome doze horas por dia. O amor, coitado, perdeu-se ali, no meio daquela confusão.

A gente fica reclamona, olha pro amor, seja qual for esse amor – marido, esposa, filhos, amigos – e não consegue encontrar o princípio daquilo tudo. Como foi que surgiu? Por que eu amei tanto? Qual o endereço desse amor que não acho agora? 

Essa dúvida pode durar dez minutos, uma hora, dias… Cada “desamor” tem seu tempo pra caducar. Por vezes é raiva passageira, feito birra de criança em shopping que você tem vontade de sair correndo dali, mas logo depois tá se lambuzando inteira de sorvete junto com a cria e fazendo “selfie”. É que amor não tem cronômetro, muito menos bom senso, amor vem à revelia de qualquer razão.

Tem amor que dura uma vida inteira, tem amor que fica menos, mas não é menos amor. É que amor, às vezes, acaba, mesmo que ele não tenha prazo de validade. Amor é descontrole, mesmo nos dando a maior sensação de paz do mundo quando é correspondido. Tem até amor bandido, tem amor suave, tem amor em família, amor fora dela. Amor se alastra, amor bem que podia ser epidemia, certamente ele seria a cura para muitas mazelas às quais estamos submetidas (os) ultimamente.

Sim, amor bem que podia ser um vírus.

Eu, poucas coisas me deixam mais feliz do receber um comentário de vocês sobre algo que eu escrevi.  A coisa mais linda do mundo é a conexão. Pois bem, toda vez que eu escrevo uma crônica aqui no Paris Só de Ida, eu recebo mais de cinquenta comentários. Todos eles são vírus. Às vezes vem com nome de gente, às vezes assinam só com letras dispostas aleatoriamente. Vírus, tudo vírus. Tenho ódio.

Só que, às vezes, no meio dessa epidemia toda, chega um cometário de verdade. Verdade que eu digo, um comentário pra mim, como esse aqui, que eu recebi em meio a um período meio delicado meu, que tô toda sensível sentindo dor diariamente no joelho. E comentário, pra mim, qualquer um, é amor. Esses comentários me enchem. Enchem de alegria, de gratidão, de direção, de sentido. Nem sei descrever direito, são coisas sutis que deixam a alma com um sorriso de orelha à outra, aí o corpo transborda também. Sorrio.

E volto a acreditar no amor. 

Pois sim, como bem diz o Chico – sempre ele – o amor não tem pressa ele pode esperar em silêncio. O meu espera, sempre amando e esperando.

 

2 respostas

  1. Linda crônica, amei! Amo esta musica do Chico que você citou no final. Também tenho um blog sem muitas pretensões rs me acompanha lá: contoemdetalhes.home.blog

    1. Oi Vanessa, obrigada! Chico é pra se amar demais mesmo, né? Vou lá no seu blog, sim. Bjs

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