Seleção brasileira, carta aberta à você.

Cara seleção brasileira, nossa relação mal começou nessa copa, mas já vim aqui te pedir desculpas.

Tudo bem que ontem você ficou no 1 x 1 num jogo que começou nos enchendo de esperanças… E é aí que tá o problema.

A gente está sem esperança, mas sempre deposita em alguma válvula de escape e você, cara seleção, é a maior delas. Ninguém tava nem em clima de copa do mundo, mesmo com a Rede Globo dando o sangue pra turma começar a se empolgar e ela, pobrezinha, reaver todo o investimento feito, e os anunciantes anunciarem e o dinheiro retornar… Enfim, você sabe bem como funciona isso, não é mesmo?

O esforço foi em vão. Ninguém pintou rua, nem ficou por aí falando de futebol. Fato é que a maioria de nós se se deu conta de que a copa havia começado na sexta-feira mesmo. Contudo, como bons brasileiros que somos, de coração esquentado pelos trópicos e facilmente amolecido por qualquer afago, entramos em campo com tudo. E tá massa o clima de campeonato. 

A gente se veste de verde e amarelo, ou da cor que representa a democracia pra cada um – afinal, ainda estamos numa, eu acho. E marcamos com os amigos e família,  combinamos almoço e quanto será a cota pra cerveja, sem nos esquecermos do dinheirinho da decoração da casa que vai receber a torcida. Aí a gente se entrega, fica tenso e se abraça tanto quando você faz gol, que parece até colo de mãe, por um instante a gente acredita que tudo vai ficar bem. 

Veja você, seleção, que estou escrevendo esta crônica assistindo à Bélgica e Panamá e já gritando gol. É que copa é igual a fé, não se explica. Ela funciona como salvo conduto pra gente se esquecer por uns tempos das mazelas que nos assolam e se entregar a um carnaval estendido por… Aí é que tá o problema.

(Pausa porque a Inglaterra tá atacando.)

A festa só dura enquanto NOSSA SELEÇÃO, logo, você, estiver no páreo, se não perde a graça. perde-se o elã, acaba-se o samba (é cada festinha boa que rola durante e depois dos jogos, que vou te contar, uma delícia).

Sei que a gente parece duro, fala mal do técnico, reclama do novo cabelo de Neymar, a gente se acha mesmo o dono da bola, mas vai desculpando aí, seleção, a gente tá gato escaldado.

Não, calma, não é só pelo 7×1 de outrora (apesar de que esse conta, viu?!), mas é pelo entorno. Tá corrupto pra caramba, tá injusto pra caramba, tá violento pra caramba, tá desigual, tá pobre, tá sem escola, tem tiroteio e criança morrendo numa saidinha pra andar de patins, ou ainda, pasme, no ventre da mãe… Tá foda!

Aí eu acho que a gente tá meio amarga, seleção, e precisando de um bode expiatório. Botar a culpa nos políticos e no STF já ficou batido, não adianta muita coisa bater panela… Mas a gente bate. Pra um lado e pro outro, pois ainda estamos numa democracia, acho…

Sei que às vezes parece até que estamos torcendo contra, mas não se deixe enganar por essa carcaça calejada não. Acredite, a gente está com você. Por mais que xinguemos até a última geração de seus familiares, estamos com você e amando essa fase patriótica. A gente só fala mal de quem se gosta, senão, nem fala. A indiferença é o pior esquecimento e, mesmo te odiando vezenquando, a gente não te quer mal, não. É que o amor e o ódio andam grudados.

É amor, seleção, é tudo amor.

Tá difícil amar o Brasil, tem muita gente até indo embora. Então, seleção, você realmente está representando a nossa bandeira. És o nosso ponto de convergência. Te amar não nos obriga o optar por posição política, estado civil, opção sexual, religiosa e nem há preconceito de cor e classe. É tu que nos une, Seleção Brasileira.

Então vai desculpando aí os nossos chiliques, os nossos pitacos e pitis. Pede desculpas às suas mães, não temos nada contra elas, nenhuma delas, é só impulso mesmo.

#tamojunto

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Beijo

Até sempre!

Lu

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