A Família que eu quero ter

A família que eu quero ter

Se eu pudesse nascer de novo, assim, se eu pudesse voltar lá pro ponto da encarnação, eu ia escolher nascer numa família de um jeito engraçado que eu vou contar pra vocês. Parece coisa de sonho maluco, mas me permitam divagar.

Eu ia querer nascer numa família na qual as pessoas estivessem sempre juntas e que preferissem estar sempre juntas. Que, ao contrário dos tradicionais almoços de domingo na casa da Nona, aqueles que  ninguém quer ir, essa família achasse isso o máximo.

As crianças correndo soltas construindo seus laços de amizade com aqueles que seriam seus melhores amigos no futuro e os adultos, amigos desde sempre, fortalecessem as suas relações. Mas eu não ia querer uma família que só se amasse não. De vez em quando uns arranca-rabos iam fazer bem, que era pra aparar as arestas, mas eu ia querer ter a certeza de que todas as brigas seriam infinitamente menores do que as amizades.

Se eu pudesse escolher onde nascer, escolheria uma família na qual eu tivesse um monte de primos e esses primos teriam outros primos e amigos que também fariam parte das nossas brincadeiras. Eles entrariam e sairiam das nossas vidas e nós seguiríamos em frente com a lembrança do que fomos em férias e festas.

Aliás, por falar em férias, eu ia querer passar todas as minhas férias com essa minha família. Eu ia querer ter, tipo assim, uma casa de praia num lugar no qual todo mundo tivesse casa lá também pra ninguém ter que viajar pra longe e se perder de vista.

Eu ia querer ir pra praia com essa família, tomar picolé e chupar laranja que já viria bem descascadinha pelos adultos porque criança não pega em faca. De tarde eu ia querer subir nas dunas, andar de buggy e brincar de bandeira no morro. Ah! Também ia querer ter tias que fizessem dindin pra gente comer depois do morro e uma outra que fizesse bolo com suco tangue na casa dela pra gente não ter que voltar pra casa pra comer enquanto brincasse. Cara, seria o máximo!

Se eu pudesse escolher, eu nasceria numa família que ia junta pro colégio. É, pra não ter que ficar longe dos meus primos nessa hora chata da vida. Eu também ia querer ter uns primos na minha sala, no caso de eu me sentir só, como sempre me senti no colégio. Também ia querer que a tia do colégio sempre fosse chamar a mim e aos meus primos para ir na sala dos outros primos quando fosse aniversário deles, assim a gente perderia aula. Massa, né?

Eu ia querer morar no mesmo prédio que essa família e ia querer que meus pai se dessem muito bem com os irmãos e com os primos dele. Não com todos esses primos, porque seria um condomínio, mas, pelo menos com dois deles, assim eu ainda ganharia mais primos e, quem sabe?, esses primos se tornariam meus melhores amigos? Seria uma sorte.

Ah! Seu eu pudesse regressar e reencarnar, nasceria neta de avós incríveis. De uma mulher forte e revolucionária e de um “coronel boêmio”, desses que tem uma autoridade nata, mas não é nada ranzinza. Desses que ama poesia e se sensibiliza com o amor, com beleza… Enfim, que é conectado com os sentimentos. Também ia querer umas tias-avós daquelas que fazem os biscoitos mais gostosos do mundo e que organizam se empenham na decoração das festas.

Eu ia escolher um pai que me apresentasse à Clara Nunes e ao Pavarotti desde cedo e uma mãe que fosse porto. Eu teria apenas um irmão, se minha mãe não quisesse mais, mas teria muito mais gente pro perto.

Se eu pudesse escolher, ia querer que esse avô vivesse assim mais de cem anos que era pra eu aproveitá-lo bem muito.

Ia ser muito massa essa família que eu ia escolher pra encarnar. Eu teria companhia para as festas, farras e teria colo para as dores de cotovelo e alguém pra me ajudar com os porres. Eu iria cuidar também. Daí, a gente cresceria e nos casaríamos com pessoas legais, mas tão legais que seriam como se já fossem nossos desde sempre. Uma família que só agregasse.

Se eu pudesse escolher onde encarnar, nasceria numa família na qual fazer o outro feliz é objetivo de todos. Em que o povo se defendesse contra comentários preconceituosos, se empenhasse para fazer uma festa dos tios, dos primos, que adora fazer homenagens para os membros dessa família e assim todo mundo se sentiria especial e amado.

Queria nascer numa família que fizesse do natal a festa mais esperada do ano, um evento, um acontecimento, uma comédia.

E meus sobrinhos, posso escolher?

Pois olha, eu ia querer ter de ruma. Além dos filhos do meu irmão, meus xodós, eu ia querer ter mais uns vinte pra eu brincar e amar. Uma galerinha do bem, que gostasse das tias e que me chamassem de tia Lu. Eu ia escolher ser madrinha de um deles, aliás, de três. Mas eu ia querer que fosse de três meninas… Será que eu posso?

Em determinado momento da minha vida eu iria morar longe dessa família. Não que a gente brigasse, não seria esse o motivo, mas é que eu ia querer encarnar no Brasil e ser cearense, mas já ia existir o Rio de Janeiro e essa cidade iria mexer com a minha cabeça. Mas, quando isso acontecesse, iam ter inventando um telefone que a gente pudesse ficar se falando e se vendo bem muito e isso iria me ajudar a curar a saudade dessa família.

Puxa, ia ser o máximo se essa família existisse e se, claro, eu pudesse nascer bem no meio dela.

Oxalá ouça minhas preces, porque quando eu reencarnar, quero nascer assim, pra garantir não só essa vida, mas todas as outras do mesmo jeitinho.

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Amém!

E a família que você quer ter? Você já tem?

8 respostas

  1. Prima, é um presente de Deus termos uma família assim..!! Pense numa benção que eu agradeço todos os dias..!! Que se conserve até o fim, amém !!!

  2. Lu que homenagem!!! Vc conseguiu descrever essa família linda, louca e feliz, muito bom e privilegiou nossso fazer parte dela. Prima vc não precisou reencarnar para viver issso, Deus foi tão maravilhos com a gente que ganhamos assim de presente!!

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