Obrigada a parar

obrigada a parar

É sempre assim, as demandas se avolumam, eu tento negociar com o tempo, empurro o de hoje pra amanhã, o de sexta pra domingo, tento acudir a urgência que pintou agora e… pimba! A enxaqueca vem pra me obrigar a parar.

Foi assim ontem e, por isso, a razão desta crônica estar chegando somente hoje até você. Desculpe-me por furar nosso compromisso.

É que o tempo das demandas não é o mesmo tempo do relógio. Menos ainda é a sincronia do tempo da doença com o mês de férias – conheci uma mulher que estava de férias em Fortaleza com o marido internado, tivera uma crise de apendicite ao chegar nas terras de Alencar. Muito menos o tempo do desejo obedece às batidas dos sinos da igreja. Já viu a saudade se entender com o passar dos dias?

– Ah! Daqui a alguns dias isso passa.

E tome os dias a passarem e a saudade a se agigantar feito fantasma de criança em quarto escuro. Chega sufoca.

E aí, minha gente, fato é que a minha enxaqueca vem pra me obrigar a parar. Vem pra me dizer:

– Minha filha, olhe, deixa eu lhe dizer que com essa matemática da ansiedade você não vai nem até quinhentos metros de caminhada. Agora, a sua enxaqueca vai cuidar de você. Tome um remédio e durma, você vai ficar nesta cama durante umas três horas seguidas e depois vai acordar sem vontade de fazer nada. Eu de você nem triscaria neste celular, vai piorar a sua dor.

A crônica de quarta-feira? Minha filha, você não vai poder nem escrever o projeto de qualificação da sua tese que é pra ontem, imagine a sua crônica de hoje. Durma, vá!

Com essa pressão do meu corpo para que eu pare, tenho aprendido algumas coisas ao longo de minha jornada.

Aprendi que, sim, precisamos tomar com afinco os nossos projetos: suar, doer a mão, a coluna, a cabeça… mas aquelas horas gastas num passeio de bicicleta no meio da tarde, numa ida ao shopping só pra ver vitrines (eu não, mas há quem goste muito), num banho de mar, numa conversa jogada fora com “azamiga”, a mãe, as primas, numa tarde inteira brincando com o Nelsinho, ou, simplesmente, vendo ele brincar e estampar na sua cara o passar do tempo (espero que aqui cada uma tenha um Nelsinho pra chamar de seu). Isso também é parar, gente, e a gente precisa de pausa, se não, o corpo nos obriga a.

Sim, a saudade passa mesmo, no tempo dela; as urgências se resolvem, ou não, mas as horas vão seguir passando junto com os dias e quem terá de se avir com a sua saúde é você mesmo. No meu caso, eu, que deixei tudo pra hoje, estou a hooooooooooras trabalhando, cumpri com o meu combinado e ainda andei de bicicleta e tomei um banho de mar.

Ufa! Melhor eu parar.

Você também pode gostar

Deixe aqui o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.