Um brinde à segunda-feira

Meu amor entra no escritório e me pergunta da porta: quer uma taça de vinho?

São sete e meia da noite de uma plena segunda-feira daquelas com milhões de coisas a ler, a escrever, a fazer, mas, qual o quê?, claro que disse sim.

Adoro rotinas simplesmente porque posso quebrá-las. Vou fatiando os prazeres da vida em meio às obrigações e assim, numa trapaça com o tempo que tentam tomar de mim, numa quase brincadeira infantil, vou burlando o mundo que espera que eu cumpra regras.

E eu as cumpro, mas não sem sabor, não sem música, não sem prazer. Corro para um banho de mar no meio da semana, um jantar fora em plena quarta-feira, um café da manhã para acompanhar a escrita de minha tese, uma musiquinha entre um texto e outro, e, claro, um bom vinho na segunda-feira… Pausa para o brinde. Volto já.

Brindemos a quê? Primeiramente, à nomeação do nosso presidente que veio garantir a nossa democracia. Apesar de eu ainda sofrer as consequências do ódio bolsonarista e isso me deixar triste, confesso que passo o dia me lembrando que o Lula é meu presidente e não o Jair e me pego sorrindo pelos cantos. Ô alívio, Brasil.

Brindemos também ao fato de que o presidente falou que no governo dele todo mundo vai namorar, logo, será um governo do amor, do bom humor, do tudo o mais… Enfim, poupemo-nos dos detalhes por aqui, mas, com o seu crush, não poupe nada, se joga.

É bem verdade que poderíamos estar brindando à nossa seleção na semifinal, mas não rolou, né?, fazer o quê? Torcer pra que a seleção de vôlei masculina e feminina, que a Rebeca Andrade, que a Raíssa (Fadinha) e que tantas outras e tantos outros atletas nos deem ao longo desses quatro anos as alegrias que já nos deram e que a seleção de futebol masculina tanto promete e não cumpre. Bola pra frente, afinal, golaço fizemos nós sessenta milhões em ação que tiramos o fascismo do poder.

E logo ali tem o Natal, já estão rolando as “confras” de final de ano, a Covid meio que está dando o ar da graça novamente – eu já peguei essa variante – mas quero crer que geral tomou suas destinadas quatro doses da vacina e que não irá morrer desta desgraça. Que a desgraça maior ficou láaaaaaaa nos últimos dois anos. Eu ouvi um amém?

Pois bem, logo vira 23, é carnaval, é Lula e é a esperança renovada e uma sensação de um peso gigantesco das costas ter sido removido e ficará para história como um período macabro, mas que, assim como nos Estados Unidos, durou uns poucos quase eternos quatro anos. Preconiza, senhor.

Se tudo correr bem, ano que vem terei uma tese enorme e linda para escrever, mas, sem ter que ficar tentando convencer ninguém a acreditar no homem ruim que é aquele lá, eu terei mais tempo para este blog que tanto amo, mais tempo para me dedicar às poesias, quem sabe até eu não edite meu segundo livro?, já pensou? Haverá tempo para o que interessa, ou seja, as coisas boas da vida de cada um.

Pois hoje, nesta despretensiosa segunda-feira de dezembro, sabendo que eu estou devendo textos sobre minhas impressões dos mundos muçulmano e judeu os quais visitei (acredite, fui bater em Israel e na Jordânia, sim, esta ateia foi pra lá e amou!), sabendo que preciso, sim, falar sobre as mulheres que usam aquelas burcas medonhas que lhes escondem os rostos e eu quero muito falar sobre isso, mas hoje, nesta segunda-feira do nada, que nem é dia de crônica aqui neste blog, hoje eu vou me deliciar com minha taça de vinho e o chamego do meu bem porque, meu bem, se meu presidente falou, quem sou eu pra discutir: bora namorar, Brasil!

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