2020

2020

Finalmente virou.

De ontem, já nem me lembro. É como se a década se encerrasse com a última hora do que foi o ano passado. Que bom!

Que tolice também, a minha. Tolice achar que o amanhecer do dia primeiro me garante o novo, me garante o nunca, me garante uma infinidade de boas possibilidades nos 366 dias vindouros deste 2020.

Tolice achar que essa manhã brilha mais, que finalmente tudo vai funcionar que os astros vão convergir. Tolice botar a culpa no Mercúrio retrógrado.

Besteira pensar que minha energia está toda renovada e que as uvas, as sete ondas, os patuás, romãs e toda sorte de superstições finalmente me trarão sorte em 2020.

Muita ingenuidade achar que o mar vai lavar os problemas e os “porens”. Irá dissipar o não dito, desatará os nós e que eu receberei àquela tão esperada ligação só porque mudamos dois dígitos na data. Data que venho contando há mais de trinta anos…

Tolice fazer como as meninas da mesa ao lado que estão se fiando na numerologia e no simbolismo do tal 2020. Realmente é um ano ótimo pra se pensar nessas coisas. Dois números dois, dois zeros, ano par… Seja lá o que isso significar. Pelo menos, será mais fácil de pronunciar. Em vez de “dois mil e vinte”, a gente pode falar só “vinte vinte”. Mais rápido, a gente ganha tempo.

Mas, o que fazer com esse tempo que a gente vai ganhar? O que fazer com os 366 dias que nos restam desse tal de 2020?

Mais dieta, mais cuidados com a pele, mais cursos profissionalizantes, mais trabalho? Mais do que você prometeu no ano passado e não cumpriu?

Minha resolução para este ano foi não ter resolução alguma. Não esperar por nada, não querer quase nada e nem fazer listinha. Ando meio traumatizada dos últimos dois anos.

Meu único movimento e tentativa e, pelo qual, lutarei é que, neste ano, eu quero gente. Quero gente perto, gente pra eu abraçar, gente pra trocar, pra ir à praia, pra achar graça, pra sambar, pra beijar, pra tomar cerveja, viajar… Eu acho que todos os males do mundo têm se dado porque a gente se afastou da gente. Substituímos pessoas por “likes” e mensagens criptografadas e nessa eu acho que a gente se deu muito mal.

“Por isso, chame, chame, chame, chame gente, que a gente se completa”.

Quanto ao resto, seguirei sendo tola em 2020 e, hoje, no dia primeiro, ainda ressabiada com tanto por vir nesta nova década que, dizem os matemáticos, só começa mesmo em 2021, me encontro cheia de esperança, acreditando que o sol está brilhando diferente e que os astros estão convergindo a nosso favor e que a gente vai ser feliz em 2020.

E você? É tola (o) igual a mim?

Tomara! A gente precisa acreditar em magia pra sobreviver ao concreto.

Feliz ano novo!

Bora pra praia? *Não se esquece das sete ondas.

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4 respostas

  1. Nunca li um “Tolice” mais inusitado….é um “tolice” mais que sensatez, lança desafios e ainda confia nas esperanças, vejam só! Fiquei animado!

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