2022, a virada em movimento

2022 a virada larga

Chegamos aqui! Do outro lado do ano passado que, Misericórdia!, que ano ruim.

Até o final do ano, no finalzinho, 2021 ainda deu umas sacolejadas daquelas que fazem a gente entender de uma vez ´por todas que a ingenuidade da infância já era e que a vida está bem longe de ser justa.

A vida aliás, ela nem sabe o que é justiça. A natureza não sabe desses termos que damos a tudo para podermos nos organizar minimamente neste caos que é viver no planeta Terra. Convenções que nos guiam, nos punem, nos regem, mas que não diminuem em nada essas dores que a própria vida, ou os seres que habitam nela, nos fazem passar.

Ok, mas virou e o momento é de esperança. Até março é fôlego novo e, se 2022 não nos der nenhum grande susto, haveremos de conseguir chegar até o final da travessia desse ano e dizer que fora um ano bom.

Mas sem pressa. Pra que essa pressa? Se a gente apressa, passa rápido – ouvi essa frase de um garoto no Globo Repórter, morador do interior do Brasil e que nunca tinha visto o mar. Ele quer ver o mar, mas não tem pressa, pois: Se eu tiver pressa, passa rápido. Sábio. Deve ter aprendido com o cantar dos pássaros, o barulho constante daquelas cachoeiras, porque o dia a dia na cidade grande não ensina essas coisas não. Muito pelo contrário.

Mas com fé a gente chega até abril com essa pandemia miserável mais ou menos controlada. Três doses, menos mortes e a gente podendo voltar a esboçar uma certa normalidade que a gente vem pelejando há dois anos.

A partir de julho é eleição. O ano será de luta, querdxs, e se você me odiou por eu ter escrito em linguagem neutra a palavra “queridos” é porque você deve estar do outro lado do meu time. Mas não vamos brigar, vamos votar que é melhor. Pretendo chegar até o mês de novembro sem ter perdido nenhum laço que eu levei uma vida pra atar. Minha nossa senhora do #forabolsonaro dai-me forças. Vou precisar.

Aliás, eu vou precisar de forças pra ter forças. Estou precisando do empurrão pra poder começar a me movimentar. Aliás, “movimento” foi a palavra que escolhi para o meu 2022. Sim, sempre escolhemos palavras lá em casa. Sempre esquecemos dela também, mas vez em quando, num mês qualquer, a gente resgata e observa se está seguindo a meta. Morrendo de preguiça e de desilusão, eu escolhi a palavra movimento porque vou correr atrás de me achar onde eu me perdi no meio dessa confusãozada toda dos anos passados: pandemia, brigas, desamor, saudade… Tá osso!

Nessa de me achar, pretendo encontrar pessoas, paixões pelas minhas lutas, tesão pelo que havia me proposto, vontade dos sabores, dos lugares, dos sons. Botar o corpo em movimento pra ele esbarrar com o acaso, com as surpresas, com um vento forte, um banho de mar gelado, o gosto delicioso da sobremesa de algum lugar que eu não conheço. Conhecer gente que fale a língua da gente, que segure na mão da gente, que queira estar perto da gente. Estar mais perto ainda de quem não pude estar perto nos últimos tempos e de quem morri de saudade.

Em movimento mesmo sentindo dor. No joelho, na cervical, na garganta. Dor na alma, dor tão latente que quase chego tentar estancar com a mão. Em movimento levando na cara e erguendo a cabeça e passando por cima do que for preciso passar para, no fim, me achar. Eu e você.

Mas promete ser um ano bom, apesar de eu estar bem desconfiada das promessas dos anos. Fiz tantos planos pra 2020 (morar no Rio, fazer meu doutorado…), pra 2021 (o fim da pandemia…), que entro em 2022 quase que na surdina, apenas cochichando que é pra não espantar. Os anos andam bem enfezados, não é? Melhor não incomodá-los.

Mas voltando, promete ser um ano bom. Talvez o último ano de trevas desse desgoverno e só de ser isso, o último ano, já é muito. Já é tanto. Já é quase tudo. Isso, a pandemia controlada e nenhuma tragédia há de ser um ano super.

Mas vamos mansos. Desculpa, sei que deveria ser uma crônica mais otimista, mas, como falei, #TenhoAtéMedo. Mas dentro de mim, dessa metade que não se aparta de mim, tem a esperança, tem a fé na esperança, como bem disse uma grande amiga. Essa mania cega de acreditar que, de algum lugar, as coisas boas vão voltar a girar as engrenagens responsáveis pelos sorrisos nas nossas caras.

Que seu 2022 seja brando, sem sustos..

E, só pra lembrar, #ForaBolsonaro

Você também pode gostar

Deixe aqui o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.