Você pode dizer que não
Que nunca mais
Que não vai querer
Que Deus me livre
O amor, ele vai te encontrar de novo. Mansinho, sorrateiro, de banda, do jeito que for. O amor vai de balançar e bagunçar de novo.
Você pode estar “calejada”
Pode ter sofrido mil vezes
Se decepcionado outras tantas
Pode estar amargurada
O amor, ele vai encontrar a forma de te pegar pela proa, de te tirar o prumo, uma direção pra onde você estava navegando sem notar que estava totalmente perdida.
Pode até tentar fugir
Pode fingir como for
Buscar coerência
Tentar acalmar cada solavanco da alma
O amor, traiçoeiro, vai te enganar e vai se apossar de ti, vai te encantar, vai cantar um canto de brisa, como chuvinha em dia de folga e cama quentinha.
Pode se fazer de doida
Pode negar pra si e pro mundo
Pode buscar coerência
Pode tentar remar contra
O amor é correnteza. É rio, é tornado, é a gente completamente fora de si, irreconhecível e nunca nada faz tanto sentido. Louco, o amor é completamente louco.
Você vai acreditar de novo
Vai morrer de medo
Vai sentir vertigens
Vai querer por perto
Porque o amor, ah, o amor!, pouco se importa com o que fomos, com o que somos e quem habita esse corpo. O amor é bicho vivo, é feito de fogo, consome nossa carne e mora na alma. Dorme, hiberna, até encontrar endereço. Acorda e não nos deixa mais nem dormir. O amor é irmão do ciúme e filho da incerteza. Doar-se ao amor por alguém é risco e é vício. É irreversível. Força que draga a sanidade, é um jogo de aposta. É uma sorte cheia de percalços, dores, caos e acasos.
Amor, ah, o amor!
Eu te amo.