Amor racional
Acho que não tem jeito não.
É, acho que não conserta não. Sabe por quê? Porque nem sei se quero que tenha conserto o que anda “se errando” aqui dentro de mim.
A gente faz terapia para aprender a entender melhor o que sentimos e, por consequência, lidar melhor com os tais sentimentos, de modo que eles não causem mais sofrimento.
É legal, é válido e faz bem, eu sei. Tem gente que passa a vida inteira arrastando traumas, grandes ou pequenos, desde a infância até a vida adulta, e fica batendo cabeça, dando murro em ponta de faca, tudo por causa de um comportamento repetitivo do qual, na maioria das vezes, a criatura nem se dá conta que tem.
Para isso a terapia é ótima, recomendo, mas tem coisas que não sei se devem ser resolvidas, sanadas, tratadas pelo campo da racionalidade. Sei não, tem sentimentos que são sublimes demais, fortes demais e, até, bonitos demais, ainda que causem dor, para serem passados pelo superego a fim de que sejam controlados. Será que dá pra conter vulcão de emoção? Duvido, acho que não!
Dia desses uma amiga – veja bem, quando a gente fala “uma amiga” pode ser que seja a gente mesma. Quem nunca? – comentou que faria terapia pra tentar entender toda a confusão amorosa que se passa dentro dela.
Lá se foi a coitada para a primeira sessão, segunda, terceira e aí já se vão muitas, anos e a verdade é que toda aquela teoria de que precisamos encontrar as razões pelas quais amamos, sofremos, ficamos agoniadas, choramos, nos frustramos, ficamos felizes, alegres, eufóricos, entusiasmados e todo tipo de emoção que brota é muito sem graça.
Racionalizar sentimento é como tentar estocar vento – desculpa aí, Dilma – mas não funciona. É querer domar bicho selvagem, é querer segurar criança na hora do recreio é querer controlar o incontrolável, pois nem sabemos ao certo se queremos nos livrar daquilo.
Às vezes aquela dorzinha é companheira, a saudade é preenchimento para um vazio que não se explica e, ter um amor para se lembrar naquele dia chuvoso, ainda que o amor esteja longe, ou nem seja seu, pode ser seu acalanto.
Tenha calma, tenha paciência, essa saudade pode até ser passageira e vai acabar sarando com a entrada de outro sentimento, o qual você vai continuar sem entender, não vai saber como chegou, mas vai dar graças a Deus por ele ter se instalado. É o amor que cura, é o amor que se encarrega de te colocar de novo nos trilhos, mesmo tendo sido ele o danado responsável por ter te tirado do eixo outrora. É só o amor, pelo amor e com ele que a vida flui, que ela tem razão.
Claro que não estou advogando em nome da deprê, da nostalgia que te paralisa e que te aprisiona, claro que não! Mas é que essa busca urgente da felicidade pode acabar nos tornando insensíveis e amargos. Estamos neutralizando tudo para nos mantermos bem para o mundo e, certamente, matando a nossa capacidade de renascer, de nos conhecermos e de nos reinventarmos. Saudade é professora, e das boas! Sofrimento também.
E só pra encerrar com alguém que sabia das coisas, das dores da alma e do mundo muito mais do que eu, lá vai:
“… Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se…” (Fernando Pessoa).
ainda estou aqui
Ainda estamos aqui
… Lembro-me de que quando li o livro, tive a sensação de estar lendo algo sobre meu passado, sobre uma história muito difícil, sofrida, mas passada…
Respostas de 4
”Às vezes aquela dorzinha é companheira, a saudade é preenchimento para um vazio que não se explica e, ter um amor para se lembrar naquele dia chuvoso, ainda que o amor esteja longe, ou nem seja seu, pode ser seu acalanto…” Verdade, Lu! As melhores inspirações vem quando tudo está em silêncio, inclusive, meu coração. Obrigada pela inspiração que acabei de ter. Rsrsrs Bjitos :*
Que bom, Vic! Tomara que tenha sido uma coisa bem linda que tenha te feito bem feliz.
Bjs
Por falta de expressão melhor em português: Own your feelings.
Melhor não lutar contra eles e, sim, abraçá-los. Sente mesmo. Sente logo. Sente. Afinal, não vamos deixar de sentir, mas sair sentindo e ganhar experiência para lidar com os sentimentos, ah… isso é libertador.
É demais, primo! Dói, mas enriquece a alma.
Love you!