amor subliminar

amor subliminar. amor que brota quando me distraio, quando não penso que o amor acaba, quando me perco nos ponteiros que me dizem da hora de ir. giro ao contrário, pausa no tempo, atalho. o amor que me conduz, pela tua voz, por entre poemas, frases, trechos soltos por Fernandos, Humbertos e Bernardos – tantos – que nunca saberão que chegaram até nós e, entre o que pode e a proibição, ficaram, fizeram morada, vivem. esse amor que se denuncia num sorriso em meio ao mundo, num trisco, no cheiro de uma colônia de nuca pra espantar tudo o que venha a querer revelar esse amor clandestino, esse amor de menino, esse amor traquino feito criança que sobe em árvore para pendurar pensamentos. um lampejo, uma lembrança. o amor que encontro enquanto me perco em ti. desencontro. o que sobra do que se escreve a lápis e depois se apaga, marca. um amor sem mídia, sem rede, sem sono, sem senso. um amor atrasado, lento, sem tempo e atemporal ao mesmo tempo. amor fadado a ser amor e só, feito a arte que se encerra em si… mas escorre, ecoa. amor pelas brechas e poros, que é ar, limiar, liminar, subliminar, amor. amor em letras minúsculas, escondido, gigante, disfarçado. amor de entreolhares, entrelinhas, de acasos, de sustos. amor de meio da rua, de quina, de súbito. amor que permeia as estações, que esquenta e floresce ao bel prazer, que não esfria, que faz cair folhas, roupas, rios. um amor que escondido, fugidio, que se sente, repente, feito vento que chicoteia a gente numa esquina de dia frio. um amor desassossego e sereno, amor intransitivo e presente, amor de dúvida e recomeço, amor de medo e tesão. amor tórrido, trôpego, périplo, íntegro, mágico, único, tímido. amor por dentro, entre, errante, desviante. um amor subliminar, amor que respira pelas frestas, arestas, corre por vincos e deságua aqui: em nós.

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