Aprecie com moderação

Fiz, um dia desses, meu Eneagrama.
Você sabe o que é isso? Não? Calma, nem tem mesmo que saber não, é só um teste que traça perfis da sua personalidade.
O meu foi batata! Não vou dizer aqui porque ainda não me sinto preparada para me desnudar tanto, rsrs, mas vou dar uma palhinha.
Lá diz que, com a minha insegurança, eu passo um ar de carente que afasta as pessoas de mim.
Sacanagem! Quer dizer que quando eu mais preciso de alguém, no auge da minha carência, as pessoas para as quais eu me doo se afastam?
Sacanagem! Indo mais a fundo, eu só demonstro carência para quem eu quero bem, logo, mostro carência através de afeto e isso leva as pessoas pra longe.
Repare nos que são melosos demais, grudentos demais e carentes demais são sempre os mais chatos, aqueles que ninguém quer por perto. Eu também não quero não, e nem sou assim não.
Mas, vejo que tem gente tão despreparada pra ser amada que um simples elogio constrange, como quem ouve a maior das agressões. A criatura, então, revida com bofetadas do tipo: Que nada! Tô toda acabada, hoje. Essa roupa é tão velha! Eu tô tão gorda… Ela se detona, pois receber um afago é duro demais.
Observando bem e sentindo na pele, vejo que as pessoas se afastam do afeto do outro.
Dar amor, fazer carinho, elogiar, ser generoso, ser solícito, gentil, amável, tudo isso assusta mais do que barulho em quarto escuro.
A pessoa, na maioria das vezes, não está preparada para ser amada, desejada, tornar-se única de alguém. Isso tudo gera uma responsabilidade enorme e é muito pesado. Ninguém quer não, ser coisa demais pra outrem. Sufoca.
Contraditório, não? Se passamos uma vida inteira querendo ser aceitos por nossos pais, nossa família, nossos amigos, namorados, paixões, maridos… É que a mídia so foca no lado fofo do ser humano, o lado que faz vender mais no comércio. Afinal, dia dos namorados vende mais do que dia de finados.
Mas existe o nosso outro lado, o negro da força, que gosta mesmo é de nós mesmos e não quer ninguém com muito mi mi mi e blá blá blá.
A gente quer independência e quer que o outro seja igualmente independente, desde que esteja bem pertinho quando nós convier, claro.
O ser humano tem medo da solidão, mas morre de medo de uma prisão. Então, quando o afeto não é recíproco ele funciona como uma algema, pois temos de tentar corresponder àquele sentimento todo que sentem por nós, seja uma expectativa dos nossos pais, do amor, da tia… E isso enche o saco!
Para se manter sempre agradável a criatura tem que saber dosar, tipo aquela que bate e assopra, que aparece e some, que dá corda e depois puxa. Esse que é o segredo.
Porém, cuidado, o ser humano é bicho doido, é máquina com defeito e um dos combustíveis tóxicos e deliciosos é a paixão. Se você exagerar no descaso, na força e no desamor, o caldo também entorna e pode acabar te queimando.
Aprecie com moderação!