Calada!

Moro praticamente só, pelo menos durante a semana, pois meu marido viaja bastante.
Nos dias, como hoje, que voltei cedo do trabalho, pois não estava muito bem, chego a passar horas e horas sem dar uma palavra.
Justo eu, que falo pelos cotovelos, que tenho necessidade de ouvir minha voz e que, quando numa roda, sou a que mais falo, confesso que essa temporada de silêncio me surpreende.
Geralmente ligo para minha mãe, ou para o meu próprio marido, mas ambos, atualmente, estão do outro lado do Atlântico e não dá pra ficar de ti ti ti via Embratel (é o novo!).
Seria lindo, altruísta e quase uma propaganda de bem viver se eu dissesse que esse silêncio todo faz parte de um alcance da minha alma, pelo qual busquei a minha vida inteira, através de meditação, acupuntura, comidas sem glúten, açúcar ou refrigerantes. Consigo até me ver sendo matéria da revista Bem estar, linda, de roupa branca, e contando como sou leve, possuo paz de espírito e consigo conviver em perfeita harmonia com o meu ser.
Só que não é! hahaha.
Eu consigo ficar horas sem falar uma palavra porque dentro da minha cabeça sou capaz de estabelecer diálogos de quarenta minutos ou mais com conhecidos e desconhecidos. Crio cenas, invento textos, perguntas e respostas, entrevistas, shows… Imagino um palco, canto, danço e brilho. Resolvo questões, brigo, amo, falo com amigos, me imagino loira, de franja, decido coisas… Às vezes rio sozinha, às vezes, se estou triste, choro.
Ufa! Um dia em silêncio comigo mesma me cansa mais do que horas de trabalho braçal, aqueles maravilhosos que você não pensa em nada a não ser na força descomunal que está fazendo.
Levo isso pra terapia, ela taxa de ansiedade, e é. Fico achando que um dia vou fica doida, a terapeuta jura que não, mas, quer saber? Acho que sei lidar muito bem comigo mesma.
Não acredito que eu e a Luciana sejamos assim, melhores amigas, mas penso que o nosso encontro é de almas, um casamento daqueles deliciosos, feitos pra durar uma vida inteira, até porque não tem jeito, né?
Eu e a Lu – já sou íntima – a gente compartilha medos, angústias, alegrias, segredos, sonhos, sentimentos, conclusões, erros e muito mais. A gente é bem inquieta, mas uma acalma a outra, ou seja, sempre tem um lado que quer sair correndo e um outro que puxa pra perto. A gente não é monótona e a paz ainda não habita aqui, mas buscamos incansavelmente este nirvana. Como bem diz a minha mãe: “a gente briga, mas a gente se entende”!
Cada dia que passa a gente se descobre mais, se aceita mais e se quer mais bem, ainda mais. Com o passar do tempo, vamos ficando mais seletas e filtrando o que entra e quem entra na nossa vida. Tem sempre uma parte que é mais burrinha nesse aspecto, mas até que a bichinha tá se aprumando.
E nesse emaranhado que sou eu e que, provavelmente, também é você, a gente vai levando este doçura que é viver, que é descobrir-se, que é se conhecer… Sempre!
Psiuuu! Calada!

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4 respostas

  1. Eu me amarro no Bruno, ele me entende. Ele sabe se divertir comigo e sempre está por dentro das minhas nóias. E quando eu piro, ele me põe nos eixos de novo. Ainda tenho muito o que aprender com ele, e ele comigo, e a gente vai na jornada juntos.

  2. Eu e a JU – já sou íntima – a gente compartilha medos, angústias, alegrias, segredos, sonhos, sentimentos, conclusões, erros e muito mais. A gente é bem inquieta, mas uma acalma a outra, ou seja, sempre tem um lado que quer sair correndo e um outro que puxa pra perto!!! Tão eu
    Amei Lu!

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