Cara nova!

Fazendo as contas, já se vão oito anos do dia em que criei o Paris Só de Ida. Acostumada a escrever o que hoje se chama de “textões” para homenagear os meu queridos, uma tia distante me disse que eu devia guardar aquilo tudo que escrevia. Aquilo ficou arquivado como um “é, bem que eu devia”. Dias depois, no afã de tirar férias e meu então marido sem definir o roteiro e eu com medo de ele desistir da viagem corri pra compras as passagens da ida logo que, já tínhamos definido, começaríamos por Paris. Liguei para a companhia aérea e disse que queria duas passagens de ira pra Paris, no que a atendente perguntou: – É Paris só de ida Eu, como se tivesse sido flechada e já louca pra desligar e criar um blog, respondi: – É, moça, Paris só de ida. Sai do telefone pro computador e criei meu blog com o nome que me leva, em metáfora, pra o lugar onde eu gostaria de estar. Paris só de ida é como via de mão única pra um lugar longe de tudo o que prende, recalca e entristece. Mas não só. Com o tempo, com a leitura e com a escrita recorrente, o blog se tornou um lugar de pensamentos, sentimentos e opiniões. Não um diário, mas uma forma de tentar extrair em mim o que me é humano é dialogar com o que está dentro de alguém, uma forma de não me sentir só com tudo o que me ronda às avessas – na parte de dentro – e, ao mesmo tempo, dizer pra quem me lia que ela também não estava sozinha. Sim, sempre no feminino, sempre imaginei mulheres me lendo, mas sem que têm muitos homens que se identificam também, então, por favor, adaptem os artigos pra vocês, caso se sintam incomodados com o coletivo feminino. Contudo, penso que me lendo há tanto tempo, você, homem, já deve ter entendido que precisamos mesmo generalizar no feminino que é para, pelo menos, tentar equilibrar essa desigualdade toda. Imagino até que concorde e que se orgulhe de ser incluído no “a” em vez do “o” e que isso nada tem a ver com a sua sexualidade. Nesses oito ano contabilizo uma vida. Casamento, divórcio, sair do emprego, mudar de cidade – pro Rio, a minha paixão. Você sabe, né? – de profissão… Uma especialização, um doutorado – em andamento – alguns shows do Chico, a desgraça de uma pandemia e tanta, mas tanta coisa que apareceu nesse meio do caminho. Eu virei tia, ou melhor, tia do Nelsinho e isso é o máximo. Resumir oito anos em um parágrafo e tentar um cronologia quando tudo parece ter acontecido de forma tão intensa, anacrônica, por vezes deliciosa e outras terrivelmente péssimas, mas, enfim, foram anos VIVIDOS e sobrevividos por enquanto. Mas essa volta ao passado é pra falar que eu estou de blog novo e que me disseram que eu precisava usar o meu nome como marca, pois o Paris só de ida não dizia de mim. Então, apesar de eu achar que parte de mim se chama Paris só de ida e de eu ter leitores que me chama de “a Paris” – tem coisa mais linda que isso? – a marca agora é Luciana Targino, meu nome, no caso :). Meu blog tá todo lindo – eu achei, pelo menos, espero que você goste também – com as cores que dizem de como eu me sinto: uma pessoa cheia de memórias – nostálgica e retrô, melhor dizendo – mas com cor, como aquela que o sol enaltece. Cor também pra clarear o pensamento, aguçar a crítica, o olhar atento pro mundo que precisa tanto de atenção e acalanto. A forma que encontrei de me colocar nele de modo a participar de sua mudança, foi pela palavra, pela reflexão e pela minha exposição. Dia desses uma pessoa me disse que eu me compadeço do outro, dos negros, dos gays, dos pobres, das injustiças, mas que eu mesma não dou tudo o que tenho pra sanar a pobreza no Brasil. Bom, nem vou entrar nessa discussão porque, né?, nem dá pra começar a dialogar nesses termos, mas devo dizer que a leitura, a literatura, a música, a arte, o humano, o desumano, o afeto, os sentimentos, os lugares, a rua… e, isso tudo mastigado em mim, transformado finalmente em PALAVRA, na minha escrita, isso tudo é a minha arma e a minha forma de combater o que eu critico. Meu sonho, cada vez e sempre, é ampliar essa fala, por isso estou aqui. Muitas vezes eu falo de um lugar que não é o meu de fala, conceito tão importante cunhado pela Djamila Ribeiro, mas tão deturpado por negacionistas e pessoas que preferem manter tudo como está: a tradicional família brasileira e as pessoas de bem são as que mais apoiam as não mudanças. Mas isso é tema pra depois. Fiquemos hoje somente com a boa nova do nosso novo blog. Espero que vocês encontrem aqui um espaço de aconchego, acolhimento, de muito afeto, mas também de inquietação, reflexão, incômodo e, principalmente, um espaço de diálogo, porque é só dialogando que a gente evolui como gente e como humanidade. Toda quarta-feira, vai ter uma crônica nova aqui. E o batom vermelho da foto, é porque minha mãe sempre bota essa cor pra melhorar o astral, mesmo que seja pra faxinar a casa. Pois eu taquei o batom pra gente inaugurar esse blog com o astral lá em cima. Sejam bem-vindes.

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