Carta a um amor que se foi

Amor,
Ou ex amor, nem sei mais.
Depois que saístes de mim, sobra-me tanto espaço por dentro que eu nem sei bem o que fazer com ele, mas precisava compartilhar deste latifúndio contigo.
Obrigada!
Agora que resolvestes não fazer parte, eu tenho um tempo enorme nas vinte e quatro horas do meu dia que, sem eu perceber, eram consumidas por tuas lembranças e pela angústia de te amar platônico.
Hoje eu tenho tempo.
Tenho tempo para trabalhar, para me dedicar, tempo para contemplar um pôr-do-sol, uma lua cheia, tempo para passear, sorrir… Tenho tido até tempo de chorar. Tenho tempo de ler livros, de ouvir histórias, de viver histórias, todas elas sem tua sombra, porque eras mesmo uma sombra apenas.
Depois que fechaste a nossa janela para que outras se abrissem na tua vida, um salão enorme se iluminou em mim através de um fresta que percebi aberta, havia muito, mas somente agora pude abrir mão do escuro que me prendia a ti para ver a luz que viera iluminar meu horizonte bem longe do teu.
Depois que resolveste seguir teu rumo, parece-me que estradas se abriram no meu. E elas são lindas, viu?! São floridas, tem ar puro, tem dia claro e nada dói.
O teu adeus tirou de mim a angústia, um tipo de amor quase que obrigatório, pois não poderia abrir mão de um sentimento tão forte e, dito na literatura, tão bonito. Meu amor por ti precisava resistir para que eu pudesse existir.
É… Mas foi-se.
Agora o ar entra e sai livremente e profundo em mim e de mim, e já não me sufoca. Os meus planos não te incluem, das fantasias você não faz mais parte. Simplesmente amputaste.
Amor, ou ex amor, sei lá.
Por fim, meu sentimento é de gratidão por teres dado uma carta de alforria a este forte e remedado coração.
Adeus!
Seu ex amor
Helena

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