Checklist da vida

Lendo, e amando, o livro da Martha Medeiros (3 em 1), acabo de me reconhecer um pouco mais.
Na crônica “Entrevista”, a autora comenta que certa vez, em uma entrevista, estava pronta para falar sobre livros e tudo o mais que ela já sabia responder, quando a repórter surpreendeu-a com perguntas do tipo: “Qual foi a última vez que você gargalhou de verdade?”, “Qual a foi a última vez você apertou a mão de alguém?”, “Qual a última vez que você foi surpreendida?”, “Qual a última vez a qual contribuiu para uma instituição de caridade?”.
No texto, Martha fala que estamos tão acostumados a seguir os itens da agenda, o dia a dia de trabalho, que nos esquecemos do resto e é exatamente este “resto” o importante. Foi aí que me reafirmei.
Eu sou exatamente o oposto. Trato o meu emprego com muita responsabilidade, mas ele está realmente em segundo plano. As pessoas e as emoções me interessam mais.
Preocupo-me com a felicidade dos meus sócios, com a doença dos meus funcionários e morro de pena de quem trabalha domingos e feriados. Tenho uma dó danada dos que labutam no dia das mães, dos pais, natal… Juro que preferia os shoppings fechados e as pessoas, que eu nem conheço, em casa com os seus.
Lembro-me, e valorizo cada dia mais, dos 15 minutinhos chegados atrasados para um compromisso por ter ficado conversando com meu pai e descoberto que ele dialoga sozinho igual a mim, enquanto minha mãe ria da loucura de nós dois. !Quinze minutinhos a mais num dia de trabalho valem muito pouco em relação à descoberta de que minha loucura é hereditária. Ufa!
Opto por ganhar um salário menor do que meus sócios para não ter de trabalhar nos finais de semana e para poder chegar mais cedo no prédio onde mora toda a família e ouvir a gritaria dos meus sobrinhos brincando do play. Poder visitar o meu avô de 102 anos na hora do lanche da tarde é tarefa semanal e não abro mão dela.
Quem me lê agora deve estar pensando: “é malandragem!”, “ela está com a vida ganha” e coisas do tipo. Eu mesma já me culpei por isso.
Que nada! Trabalho para empresas, dou aulas na universidade, mas meu checklist principal está em coisas intangíveis e não “ticáveis”.
Sou muito mais emoção do que razão. “Tenho dificuldades com lugares aonde o sol não entra” (essa frase também é da Martha Medeiros). Tenho horror a escritórios e torres comerciais me dão fobia.
Sou pássaro, sou sonhos e sou abençoada por poder seguir assim, curtindo, valorizando e enchendo a minha agenda de sensações misturadas com as tarefas.
Escrito em 14/02/2014

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