Complicada e Perfeitinha

Google: complicada e perfeitinha
Estou escrevendo um livro – que já está quase saindo do forno e indo para o mundo virtual, aguardem!!! – e estou no processo de definição da capa.
Recebi a primeira proposta dela e estava linda, mas algo em mim não gostava de alguma coisa nela tanto assim. Eu achava que era a cor da fonte, a cor do fundo, os tons pasteis… Mas, ao mesmo tempo, achava tudo aquilo harmônico e ficava me perguntando qual era o problema.
Estava quase aprovando a tal capa, quando resolvi perguntar a opinião de um amigo. Ele respondeu ao e-mail dizendo: “Já que você pediu…rs”.
– Esta capa está MUITO feminina e conservadora, é isso mesmo que você quer passar? E continuou: “Gosto dessa imagem da moça lânguida, tem a ver com você…” – até agora não sei se foi um elogio. Rs.
Anyway, o que me faz trazer esse assunto aqui é justamente esta tal imagem que passamos, ou queremos ou não passar de nós mesmos. Sendo mais realista, a pessoa que somos ou queremos ser neste mundo.
Ainda que não saibamos direito nos definir, a verdade é que nosso corpo e nossos gestos falam por nós e é isso o que nos define. De fato, conservadora eu não quero ser de jeito nenhum, mas acho que sou um pouco. Feminina eu sou e adoro ser, mas não sou dada a muitas rendas, tons pálidos e românticos; gosto da esportiva e da despojada também. Elas são muito femininas? Sei lá, só sei que eu sou assim, COMPLICADA E PERFEITINHA.
Com o “lânguida”, fiquei preocupada, fui até olhar no dicionário pra entender e encontrei a seguinte definição:
1-Fraca,debilitada.
2-Doentia
3-Sensual,voluptuoso
Tomara que ele tenha falado da opção 3, rs, mas pode ser que não.
A verdade é que, por mais que a gente queria ser alguém, para outro alguém: mais sereno, mais gente boa, menos “mão de vaca”, mais carinhosa, mais amável, mais moderna, mais sensual, mais qualquer coisa que não seja você, vai soar falso, vai parecer teatro. Sinto em lhe informar e em me informar, que as pessoas mais próximas a nós nos conhecem e conseguem ler nossa alma e, fatalmente, saberão o que a gente é e não é. E a primeira pessoa a saber disso é você mesmo, certamente.
O contrário também acontece, a gente se julga bem pior do que somos: menos capaz, menos interessante, menos inteligente, menos corajosa, mais preguiçosa, mais ranzinza, mais chata, etc e pode ser que as pessoas nem consigam perceber essa autocrítica tão punitiva que está dentro, a sua verdade pode ser outra e melhor do que você acredita.
Difícil essa história de viver se negando, viver querendo estar em outra pele, viver querendo ser um alguém que não nascemos para, viver sem nos viver de fato, sem sentir nosso corpo, nossa pulsação, sem saber direito como a nossa banda toca. Já falei aqui mil vezes, nem todo mundo se enquadra num porta retrato com família e filhos, nem em almoço de domingo, nem em carreira de sucesso, nem em ter muito dinheiro e fama.
Adorei as críticas de ontem! Serviram mais até a para mim do que pra minha capa. Sou mesmo essa pessoa pouco conservadora, mas cheia de medos também. Essa pessoa feminina, mas que adoraria se desapegar um pouco dos padrões superexigentes de estética que temos hoje. Essa pessoa romântica, mas já pra lá de calejada por fora, porém, por dentro, alimenta um coração novinho em folha que sonha e ama e se apaixona por gente e por coisas.
Coitado do designer do meu livro! Cabe a ele adaptar a arte ao caos interno desta aprendiz de escritora e eterna aprendiz de si mesma.

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Uma resposta

  1. Lu,
    Como gosto de lê seus textos!! Nao canso de dizer, ” parece que você lê o pensamento dos seus leitores, o meu eu sei que lê! Sou péssima para me expressar escrevendo! Acho
    lindo quem sabe transfomar o que pensa e sente em palavras!
    Beijos da sua fã Ju

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