Covid, dois anos depois: um relato

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Peguei a Covid-19 em 22. O ano mal começou e eu eu já entrei na lista dos que entraram o ano se agarrando com a Covid. Estou confinada desde o dia 5 por conta de uma doença que assola desde 19 e da qual eu consegui fugir por 2 anos. Paciência! Corri o quanto deu, ou melhor, me tranquei o quanto pude, mas, bingo, ela me achou. Como num eterno pega-pega, polícia e ladrão e, por fim, fui pega nisso que não tem nada de brincadeira e nem de divertido. É exaustivo! Fugir da doença e adoecer é exaustivo.

Eu até achei que estava começando bem, dentro de mim cultivei até uma esperança de dias melhores, já que na 1ª segunda-feira útil, dia 3, eu tomei a minha 3ª dose, mas qual o quê! Nessa matemática que tem sido a nossa vida de contar quantos dias fazem do primeiro sintoma, quantos dias de isolamento, qual foi o dia em que fulano testou positivo pra eu saber daqui a quantos dias eu posso sentir alguma coisa, enfim, nessa conta sem fim que tem sido sobreviver, eu caí na “conta do vigário”.

A boa notícia é que estou triplamente imunizada e os sintomas, além do psicológico abalado – o que já vem se somando há 2 anos – é apenas um leve enjoo. Obrigada SUS! Obrigada ciência!

Não, nem de longe é uma gripezinha. Até porque, no meu caso, nem parece direito com uma gripe. Não tusso, não tenho febre, não tenho coriza, nem dor de garganta, mas apareceu uma mancha bizarra no meu braço que coça loucamente e esta mancha, segundo a médica, pode estar relacionada à Covid. Fora uma estranha sensação de conjuntivite que não evolui, mas que incomoda e dá medo.

É muito estranho saber que tem um vírus no seu corpo que não obedece às ordens comuns das gripes, com seus sintomas conhecidos e um prognóstico idem. O Corona é um Taz Mania, você não sabe ao certo o que ele vai destruir. Ele pega cada uma e um de um jeito e pode fazer desde um leve “BU!!!” até uma assustadora jornada de dez dias, meses, a vida.

Você fica tentando manter a calma, monitorando no oxímetro – a saturação não pode baixar de 95, cada um tomando um remédio e uma conduta diferentes e a cada manhã pensa “mais um dia” e torce pra que, nos dias que são os dias da vira, isto é, o 5º, o 7º e o 9º – assim me disseram – você não piore.

É muito número para uma pobre coitada de humanas!

E o confinamento? Essa foi a primeira doença que tive nos meus 40 anos que não foi cuidada o dia inteiro pela minha mãe e nem tive o olhar carinhoso do meu papai que sempre vinha perguntar como eu estava ao chegar do trabalho, pronto para ir comprar tudo o que eu precisasse. É dureza! A falta que eu sinto do colo e do sanduíche de queijo com ovos mexidos é de doer.

Eles bem que queriam que eu fosse pra lá, mas imagine eu entrar na casa deles com esse vírus do capeta. Tremo só de pensar. Sigo só e eles em segurança. Pior, eles também estão gripados e nem posso ir cuidar deles. Senhor! Por que nos toma há tantos anos?

Mas é o que temos para 2022, além da constatação cabal de que quem tá no comando não somos nós, os humanos, mas a natureza toda que nos rege. O rei da selva agora é o da gripe com seus diversos derivados e eles estão comendo a gente viva. O Corona me comendo por dentro enquanto eu passo a noite matando muriçocas com medo da dengue, zika e chikungunya que já tá na época delas, mas Ômicron não respeita hierarquias.

Vamos torcer pra que eles não entre em guerra, se não, podemos ser extintxs feito os dinossauros e, de nós, acharem somente fósseis daqui a milhões de anos.

Mas aqui também reside a mais tinhosa, àquela que, de tão maltratada, achou que nem mais teria lugar pra brilhar, pra chegar, pra crescer. Mas ainda é começo de ano e ela, que renasce a cada novo ciclo, ela tá aqui, vivinha da Silva.

A esperança!

Feliz 2022 até ele ficar feliz de verdade.

#forabolsonaro

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