Desabafo de uma artista que não vem

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Isso aqui é um desabafo!
Arrisco até a perder o meu emprego, mas preciso compartilhar algo que deve incomodar outras pessoas que não somente a mim.
Sofro de um problema de desconcentração para as coisas que não são do coração – DPACQNSDC – ou esta sigla aí, que acabei de criar, se você preferir.
Hoje é o aniversário da minha avó, que morreu há 17 anos, mas sempre me lembro demais dela e faço uma homenagem nas redes sociais, grupos de whats app da família, etc. Aí, fico toda curiosa pra ler os comentários das pessoas que também se lembram dela e trazem suas recordações para se juntarem às minhas. Perco um tempão lendo, comentando e postando.
Até aí tudo bem, porém o problema é que tem uma planilha de Excel – que eu ODEIO – me esperando ali com o seguinte tópico: Como controlar todos os procedimentos da empresa que eu instaurei. Gente, pelo amor de Deus, eu enrolo, enrolo, enrolo e não começo!
Acho até que já estou estigmatizando o coitado do Excel que tanto nos ajuda a organizar a vida, mas o que eu posso fazer se dentro de mim funciono completamente desorganizada? Se dentro de mim os sentimento me invadem e qualquer palavra de afeto (positivo ou negativo) tira a minha atenção imediatamente?
Às vezes me pergunto se isso acontece somente comigo, se essa necessidade de estar ao ar livre e não dentro de um escritório, se essa dificuldade com os números e com os controles é defeito de QI ou malandragem minha. Mas penso que seria muito cruel de minha parte criticar e julgar as características que são de minha natureza. Como bem dizia a Gabriela de Jorge Amado na música de Gal: – Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, Luciaaaaaana.
Por mais que tentemos nos adequar a um padrão ou a uma situação aparentemente confortável, estável, existe um motorzinho instalado no coração ou no cérebro mesmo e ele se chama VIDA.
A vida é o que nos acorda todos os dias e o que também nos faz sonhar à noite. É o que nos torna apaixonados, inflamados, que nos faz buscar o que gostamos de verdade ou a quem nós amamos de verdade.
Vida é o que dá sentido a este período entre o nascer e o morrer, sentido em sair de casa todos os dias para buscar trazer algo melhor, ser uma pessoa melhor, crescer como ser humano. E para isso não precisamos de grandes feitos, correr na Lagoa e tomar uma água de coco depois me eleva aos céus, assim como poder ajudar o próximo também me dignifica muito.
Vida é o que nos move em qualquer direção: pra frente, pra traz, pros lados, enfim, na direção que for melhor pra gente, que nos deixa em paz. Esse lema de seguir em frente não me representa sempre, pois existem histórias antigas que valem muito mais um retrocesso em busca de um laço do que um adiante vazio.
Esta tal vida, individual e intransferível, não se contenta com o que não nos preenche. Ainda que passemos por toda ela negando o que de fato nos estimula, estaremos sempre com uma cara mais séria, com uma testa franzida, com um aspecto meio cinza, pois esses são os sintomas de não estarmos respeitando a vontade da nossa vida e a única coisa que ela deseja de nós é que sejamos felizes, que estejamos bem, seja no trabalho, no amor, com os amigos, família, etc.
Ok! Agora que eu já desabafei, vou lá pra planilha de Excel. É até por uma boa causa e o fato de estar lidando com um monte de gente faz com que a minha vida tenha mais sentido dentro do meu trabalho. Tanto sentido quanto eu percebo nos momentos que escrevo.
E hoje resolvi postar uma foto deste homem que tanto me inspira, em todos os aspectos, mas o maior deles é no amor que ele sentiu e sente por sua mulher, a Laïs, a mais linda de todas sem nem comparação. Em homenagem ao dia dela, coloco aqui o que de mais precioso ela teve, sem dúvida, o seu Alberto.
Os créditos da foto são de um dos maiores amigos dele, um rapaz 60 anos mais novo.
E aproveito para deixar aqui uma das músicas preferidas dele, que hoje me enche de saudade, mas que, sei, ele está pertinho de mim. Te amo, vô!

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Uma resposta

  1. “E para isso não precisamos de grandes feitos” – concordo plenamente, Lu. Não dá para fugir da rotina de “acordar, trabalhar, dormir e fazer tudo de novo” – mas isso não tem que ser algo ruim, há mini prazeres no dia a dia que podem aparecer de surpresa. E sempre tem aquele filme legal estreando, aquele show inesquecível, as comidinhas maravilhosas de festas juninas, os encontros com pessoas especiais… fazemos tudo isso sempre que possível. E não são bons momentos de felicidade? Acho que ela vive neles.

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