Em tempos de valorização da mulher, do feminismo, das nossas conquistas, dos nossos direitos e dos nossos deveres, principalmente como mães, venho hoje, no dia dos pais, fazer outro tipo de manifesto: O DE APOIO AOS PAIS.
Sou, sim, a favor de todos os movimentos que dignificam e empoderam as mulheres, contudo, devo dizer que sou fã confessa dos homens e acho que muitos deles estão sendo injustiçados.
Para mim, foi até um susto quando comecei a ver todos os movimentos em prol da mulher, pois eu, ignorantemente – ainda bem – desconhecia muito das dificuldades que muitas delas passavam.
Cresci no meio de uma família de feministas. Mesmo sem precisar lutar para conquistar espaços, as mulheres de minha vida, desde minhas avós, sempre foram independentes e muito, mas muito pra frente. Todas conheciam seus direitos, tiveram muitas oportunidades na vida e foram atrás de seus sonhos, ainda que fosse contra o que a “sociedade” esperava delas. Nem elas, e nem eu, não estávamos nem aí.
Sem me dar conta, fui crescendo num mundo de iguais, no qual havia respeito, autoridade, resiliência, carinho, amor, atenção, brigas, perdões, admiração independente do gênero de cada um.
Com essa avalanche de manifestos que vão desde a repulsa a um simples fiu-fiu até ao inadmissível abuso sexual, ou moral, fui percebendo que muitos homens de bem foram ficando sem espaço, sem definição de seu papel, sem identidade mesmo.
Ps.: Por favor, não pensem que estou diminuindo a nossa luta, muito menos a nossa dor. Já sofri na pele um abuso e sei como é, mas resolvi abrir espaço para uma reflexão que anda meio esquecida e, a meu ver, se faz necessária.
Mas afinal, o que a gente espera dos homens?
Que dividam a conta, que participem da educação dos filhos, que levem a cria para a escola, troquem fralda e deem a mamadeira?
Esperamos que eles provenham segurança – financeira, social e emocional -, que nos digam diuturnamente o quanto somos amadas, importantes, lindas e gostosas? Que sejam companheiros e que gostem de estar com a gente em todos os momentos nos quis quisermos estar com eles, certo? Porque tem dias que a gente só quer as amigas mesmo.
Queremos que os mancebos reparem em nosso corte de cabelo, na nossa roupa nova, mas que, por favor!, façam vista grossa para nossas celulites, gorduras localizadas, estrias, espinhas e, principalmente, as nossas linhas de expressão que instem em aparecer?
Queremos que cozinhem e depois lavem a louça, que estendam a toalha molhada e botem as meias sujas no cesto? Que tragam da rua o pão quentinho e, se der, umas flores, que é pra mostrar que pensam em nós o dia inteiro?
Pois bem, como observadora voraz do comportamento humano, tenho visto e tenho dito: os homens estão massa!, e tem um monte deles fazendo um monte dessas coisas que a gente quer aí acima.
Os caras têm chegado junto, assumindo papéis de pai, de homem, de amante (calma, todo marido deve ser bom amante da gente também), de amigo, de companheiro, conselheiro, incentivador.
Vejo homem aguentar TPM, grosseria, choro, chatice e não reclamar de nada. Tenho visto deles que AMAM brincar com as crianças, lamber a cria, levar pra passear, apertar as bochechas, trocar a fralda, decidir sobre a babá e a “folguista” e fica olhando pro filho com aquela cara que mãe faz, de boba :).
Tenho visto pais trabalharem o dia inteiro e chegarem em casa com queijos e vinhos, ou mesmo dispostos a fazer um belo de um jantar para a companheira. Vejo ressurgir, ainda que timidamente, os cavalheiros, que abrem a porta do carro, que se interessam pelo que a gente sente, que protegem e que cuidam.
Só que a mulherada ainda reclama, exige mais, muito mais. Parece que as gurias testam os guris pra saber até onde aquele amor pode ir e, com isso, vai fazendo da relação, seja de marido e mulher, ou de pais e filhos, um inferno, e depois, claro, vamos colocar a culpa nos homens, quando o caldo entornar.
Pois nesse dia dos pais eu faço uma homenagem a eles mesmos, aos homens. Aos homens que conheço, com os quais convivo, aos que não são esses trogloditas que existem por aí. Aos homens bons, os de dentro da nossa casa – espero que os da sua sejam legais também.
Um feliz dia dos pais para todos eles que, sendo ou não pais, vêm se transformando em um ser humano melhor.
Desculpem-nos pela bagunça que a revolução feminina tem causado, tenham mais um pouquinho de paciência até a gente entender o que nós mulheres estamos realmente buscando.
Só um alerta, essa busca pode durar uma vida inteira :).
E, para encerrar com a música mais linda de Pai que conheço, o mais lindo de todos os compositores e cantores do mundo, o meu Chico. Mas não sei se é do Toquinho e do Vinícios. Ah! Dentre eles, tanto faz, né?
https://www.youtube.com/watch?v=CjUWxCCqWAw
ainda estou aqui
Ainda estamos aqui
… Lembro-me de que quando li o livro, tive a sensação de estar lendo algo sobre meu passado, sobre uma história muito difícil, sofrida, mas passada…