Donald Trump: Por que temos tanto medo das eleições americanas

Trump: eleições americanas. Fonte: http://www.moralpolitica.com.br/2016/07/
Trump: eleições americanas. Fonte: http://www.moralpolitica.com.br/2016/07/

Eleição do Donald Trump

Lendo e relendo artigos (inclusive esse aqui da Cora Ronai ) e dialogando sobre a eleição do Trump nos Estados Unidos, me vem uma sensação estranha de medo do que está por vir e de desamparo de quem será por nós.
É a mesma sensação, claro que em um grau um pouquinho menor, do 11 de Setembro de 2001.
À época do atentado, lembro-me de estar na faculdade e de receber a notícia de alguns colegas que assistiam a televisão no laboratório de TV e cinema. Eu estava prestes a fazer vinte anos e uma sensação tremenda de medo me invadiu.
Pensei que pudesse estourar a terceira guerra mundial e que morreríamos todos em breve com uma bomba gás. Corri pra casa, queria estar perto da minha mãe, precisava de colo e de alguém que me protegeu a vida inteira que pudesse me dizer: Não é nada não, minha filha, se acalme.
Infelizmente ela não pôde me dizer isso, tadinha. Não é sempre que pai e mãe conseguem salvar o filho das maldades do mundo. Grudamos na TV o dia inteiro em busca de entender o que estava acontecendo e de respostas para o que aconteceria com a gente de agora em diante.
O mundo mudou desde então, sabemos. A terceira guerra não estourou, mas o que já houve de morte por conta dos talibãs, americanos, mulçumanos e seres humanos não está no gibi. Aliás não está em lugar nenhum da literatura fantástica, imaginativa, já que a violência e as barbáries dos temos atuais são surreais.
Aí vem a eleição do TRUMP. Um cara que faz terrorismo dentro do próprio país e é aplaudido. Um cara que é violento preconceituoso, arrogante, temeroso, sínico, irônico e, com todos esses “predicados” se elege como o presidente da nação mais importante do planeta.
Isso é assustador!
Passado o primeiro choque, quer dizer, ainda passando o primeiro choque, fico me perguntando se não estamos atirando no alvo errado.
Em vez de ficarmos tentando decifrar o que será de nós na era TRUMP, deveríamos buscar entender o que nos fez chegar até aqui.
Digo “nos” porque é um movimento mundial de direita radical que estamos presenciando. Repare bem nas eleições municipais no Brasil e não se assuste se elegermos o Bolsonaro como presidente do país daqui a dois anos.
A meu ver as pessoas estão com medo.
Estão com medo de morrer de um tiro, medo do desemprego, medo de ficar doente porque comeram alguma coisa que não era orgânica e nem era produzida perto da casa delas, medo da vida que elas não tem, mas gostariam de ter, medo de não prosperarem…
…Medo das conquistas das minorias, medo da semelhança cada vez mais próxima com as diferenças, medo dos imigrantes, não tanto pelo medo da ameaça de perda emprego, mas medo da pobreza, da miséria, da condição de nada que alguns semelhantes nossos vivem e da qual não gostaríamos nem de tomar conhecimento. Medo de que isso seja contagioso.
As pessoas estão com medo umas das outras e por isso andam se odiando. As redes sociais são o ringue onde acontecem as batalhas mais insanas, mais violentas e o que é pior, não há ninguém pra confrontar de frente, logo, fica um monte de covarde bradando coragem sem ter a pachorra de dar a cara a bater.
O problema é que isso incita o ódio e acredito que a maioria não sabe mais nem por que sente o que sente dentro delas. Desconhecem de onde vem aquela insatisfaçãozinha, aquele aperto no coração da hora que acorda até a hora de dormir.
É uma neurose generalizada de que o mundo vai me fazer mal, de que estão muitos contra mim e eu preciso me salvar.
Voltando ao TRUMP e todo o seu radicalismo ortodoxo, ele representa o PAI que vem dizer assim: Filho, deixa que eu te protejo vou fazer tudo diferente do que está aí e você vai se salvar.
A eleição do TRUMP, a meu ver, não significa que as pessoas passaram a ser como ele e se identificam com a pessoa dele. Acredito que elas tenham se identificado com a proposta de mudança pra a cura de um mal – o MEDO – do qual nem elas sabem ao certo de onde vem, nem o que deve ser feito.
Qualquer criatura que mude o discurso que vem sendo pregado há uns dez anos, vai se eleger como representante de um povo que está perdido de medo e não sabe bem para onde ir. Principalmente se esse discurso evocar o passado e a tranquilidade de outrora.
Esse é que é o lance.
God bless us.

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