A dor no papel

Dizem que a inspiração dos poetas vem da dor. Nem sei se dizem, mas deve ser, porque faz todo sentido.

Quando estamos felizes a alegria fica estampada no olhar, na pele, no jeito, na cor da roupa escolhida, na fala, enfim, em nossos sinais. A gente põe pra fora a felicidade, comenta, ri alto, falamos mais alto sem nem perceber. É um sentimento tão grande que não cabe, transborda.

Já a tristeza não, essa a gente tenta disfarçar. Se nos perguntam no elevador “Bom dia, tudo bem?”,  a resposta geralmente é “tudo”.

A tristeza é chata, é deselegante, anti-social e nos deixa mais feios, velhos e ranzinzas.

Porém, assim como a alegria, a tristeza também pode ser enorme e não caber dentro da gente, então ela transborda. Ela sai numa lágrima, num silêncio e na escrita (dos que gostam de escrever, claro).

É aí que entra o achismo da primeira frase desse texto. O papel é o ouvido para nossas lamúrias, nossa dor, pois o papel não questiona, não julga e não contradiz o que estamos sentindo, ele apenas nos aceita do jeito que a gente está.

É claro que dividir o sofrimento com as pessoas é muito bom, mas é bem verdade que um amigo, mesmo que seja O amigo, às vezes se enche das nossas lamentações, né? Melhor apelar pro papel, nosso confidente fiel, como bem disse Toquinho.

Por que os poetas fazem tanto sucesso? Ora, eles pões pra fora a dor que é de todos. Todos nós, em algum momento, vamos sofrer, vamos estar doídos e não poderemos gritar, espernear; é aí que nos identificamos com àqueles que já estiveram em nosso lugar e registraram seu lamento, compartilhando generosamente conosco em forma de livros, blogs, etc, nos fazendo sentir normais em meio ao caos que estamos vivendo. Vai passar!

Um VIVA, então, à estas pessoas que com seus escritos amenizam a nossa dor, pois, como diz o ditado (horrível) “mal de muitos, consolo é”.

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