Eu desisto, mas não resisto
Eu desisto, mas não resisto
Gente, acabei de ouvir Caetano cantando “Sozinho” e dizendo que queria muito gravar essa música, mas que quando ouviu a gravação do Tim Maia, achou tão linda, que desistiu. No entanto, explicou ele, acabou gravando, porque ele simplesmente não resistiu a essa letra do Peninha.
Meu povo, quem nunca?
Quem nunca disse que nunca mais, que era o fim, que desistia, mas na hora H, de frente pro perigo, foi lá e não resistiu, entrou até o pescoço e está lá, até hoje, tentado sair? #tamojunto
Eu desisto, mas não resisto – Vamos aos exemplos:
Quem já desistiu mil vezes de brigar com a balança, prometeu regrar a alimentação e viver saudavelmente e não resistiu ao bolo da festa, à cerveja gelada, à coca-cola, ao vinho, ao salgadinho, ao serenata de amor? #tamojunto de novo.
Quem já disse que virou a página com aquele (a) carinha, se prometeu que rastejar por ele nunca mais, que não queria mais olhar na cara, que apagou do FB, do insta, do whats app e da agenda do telefone, só que, ao primeiro sinal de fumaça do gajo, correu direto pra cama dele e se pôs nua? #alguém?
Calma, queridas, nada de desesperador nessas quedas, é difícil mesmo ser humano, somos uma raça cheia de contradições.
Além de nossas próprias células serem capazes de se revoltar contra nós e produzir um câncer, além de a lombar doer pra caramba depois de uma noitada num salto alto, além do fígado não resistir a tanto vinho numa viagem, além dessas coisinhas básicas que a gente desiste, mas não resiste à próxima tentação, como comprar uma roupinha nova (#porquenão), a alma também é cheia de fraquezas.
Por um lado, ela até quer se preservar, se conter, evitar danos, dores e frustrações, mas tem outro lado, esse meio vadia, esse que se desafia, esse que pulsa junto com a vida, com as emoções, com as insanidade e dá um chute pra bem longe pra razão, meu amor, esse lado nosso pode até desistir, mas não vai resistir nunca.
Quem não conhece uma amiga, prima, colega que disse: Jamais vou me envolver com homem casado… e tá ela, encangada no marido da outra?
Quem não conhece um primo, um bofe, um amigo que falou: Mulher minha não usa saia curta! E, no entanto, tá lá ele no baile funk com a digníssima com tão pouco pano que não sabe como e nem porque se deu ao trabalho de vesti-los? O cara reclama, diz que não vai, mas não resiste aos encanto da amada e tá lá, dançando agarradinho até o chão, chão, chan, chan, chão.
A gente funciona assim mesmo, cheia de controvérsias, cheia de pensamento confusos, cheia de teorias que não se aplicam à nossa prática, aos nossos reais desejos e, principalmente, aos nossos maiores impulsos.
A vida castra. Ela rouba teu tempo, tua juventude, rouba tuas vontades e te faz recuar, tentar esquecer, mas uma partezinha fica ali, tentando desistir, mas sem poder resistir, sem querer lutar contra, com uma vontade danada de se deixar levar.
Quantas vezes você já disse “Eu desisto!”, mas com uma gana de se deliciar com o que não devia, com o que vai fazer pagar mico, ficar falada no bairro, quebrar a cabeça de novo e se arrepender? Mas eu não resisto!
Mas vai, vai porque não resiste, vai porque nenhum ser humano “normal” (se é que algum de nós o é) resiste a uma taça de sunday com calda de caramelo, ninguém resiste a saciar uma vontade quando ela está ali, na nossa frente, nos convidando ao devoramento.
Você pode chamar esse seu lado de diabinho, dizer que ele tem parte com o cão, tentar se trabalhar na terapia, no terreiro e fazer prece. Porém, querida, nem se estresse, uma hora você não vai resistir e a melhor coisa a se fazer nesse momento, babe, e desistir de tentar resistir.
E ainda bem que Caetano não resistiu e gravou, porque tudo o que ele canta é realmente irresistível.
Aumenta o som e #sejoga!