Fases de transição

Toda vez que escrevo aqui, eu busco falar de algo que me inspirou a escrever sobre. Fico remoendo e cultivando o pensamento, o sentimento, a opinião, a inquietação e venho aqui compartilhar com vocês, no intuito de, quem sabe?, os inspirar também, seja a refletir, a sentir, a amar, a agir, a aceitar uma dor… Enfim, instigar, cutucar mesmo as pessoas, por via do que se passa aqui dentro é o que eu mais amo fazer.
Mas hoje, já quase findando a tarde da quarta-feira, eu não tô muito inspirada não. Na verdade, atualmente não ando me vendo como alguém que possa inspirar pessoas não. Sou uma farsa. kkkkk
Não, calma, pera! Não é bem assim não, é só pra descontrair mesmo.
É que têm momentos nas nossas vidas nos quais tudo está meio fora dos eixos. É como se os braços estivessem no lugar das pernas, as pernas na barriga, a barriga na cabeça e a cabeça – coitada – perdida se lá onde.
São as tais das fases de transição. Todos passamos por elas em vários momentos da vida.
É a primeira saída de casa, do aconchego da mãe e da babá para ir pra escola. Não me lembro dessa fase, mas deve ser o ó. Diz a mamãe que fui superbem no início, mas depois, viajei pro Rio de Janeiro e na volta não queria mais ficar no colégio. Claro, ora!, queria mesmo era ter ficado no Rio :).
Aí vem àquela outra fase tão o ó quanto, que é a de querer ser aceita pelo grupo das crianças mais populares da sala. Seja o grupo dos inteligentes, das mais bonitas, ou da galera da bagunça, qualquer um, desde que você tenha uma “casa” dentro daquele manicômio infantil chamado escola.
Depois a adolescência. Afff! Essa transição é de doer, literalmente e metaforicamente. Doem os peitos que crescem, dói a primeira menstruação, dói a feiura do cabelo que começa a ficar todo sarará, doem as espinhas e como elas desfiguram a gente, dói a paixão platônica, o primeiro amor… A gente fica toda desengonçada, desencontrada, mas segue, pois a vida segue e não dá pra pedir pra sair.
Aí vêm os vinte e poucos anos, fase delícia, mas que começam as “responsas”. A faculdade é uma mamata, mas os estágios são de lascar. Primeiras obrigações depois daquelas que eram impostas pela sua mãe, como arrumar o quarto, estudar e escova os dentes. Ô Saudade dos carões da mãezinha… Tudo tão mais doce do que a cara feia de um chefe.
Passa o tempo e lá vem a fase de casar e ter filhos. Aqui a gente já está calejada, amadurecida, vivida e escaldada para aguentar o que vier, afinal, já são uns trinta anos de treino, né? SÓ QUE NÃO! SÓ QUE NUNCA!
A verdade é que somos completos aprendizes em todas as idades. Estamos sempre aprendendo tudo, quase do zero, pois dor, medo, angústia, insegurança, incerteza, tristeza e tudo o mais que nos move, ou nos paralisa, não tem idade pra acontecer.
Às vezes reconheço em mim a Luciana de uns 8 anos de idade, morrendo de medo daquele homem da charrete na fazenda da tia. Me pego aos 14, achando-me horrorosa e desconcertada em meio a um monte de gente estranha ou não. Vejo-me aos 25, lá em Roma, desbravando o mundo e com medo da solidão.
Contudo, o que eu sei ao olhar pra trás, ao me ver agora e ao mirar o futuro, é que, em todos essas fases de transição, eu estava muito mais feliz do que triste, eu tinha muito mais motivos pra comemorar, para sorrir, para querer mais da vida, do que razões para ter medo. Eu estava vivendo, vibrando, pulsando e ainda estou e estarei até o dia do apagar da velha chama.
E desse modo seguirei, sempre acreditando em um lema que eu mesma inventei, de que estamos fadados a sermos felizes (acho que alguém mais inteligente já falou isso antes, mas, como não ouvi, finjo que é meu mesmo). O caminho da vida, seja carma, destino, Deus, ou o que for, é o da busca por estar bem, por nos sentirmos bem.
Então, mesmo achando que não estou na vibe de inspirar geral – ando aprendendo umas gírias com minha estagiária – vou continuar aqui, todas as quartas-feiras, para quem, como você, quiser ler e, junto comigo, tentar nos entender.

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