Hoje é domingo, em tese – comprovada e atestada por gerações e gerações e pela organização das famílias felizes – é o dia oficial dos almoços em família.
O primeiro dia da semana, ou o último do final de semana, é dia oficial de estar junto, agregado, seja com os pais, marido, filhos, amigos, todo mundo junto, ou em porções menores… Não importa, Domingo é dia de ter alguém. Até os bichos entram na onda contra a solidão, portanto, hoje, também é dia de passear com o cachorro, alisar o gato, dar comida pra iguana, ou treinar a fala do papagaio. Hoje é domingo, se jogue!, mas com alguém.
Qualquer cenário nesta data, que se repete semanalmente, que não inclua mais de uma pessoa estará desfalcado, esquisito, fora de foco, ou seja, errado.
Sair pra almoçar sozinha num domingo, meu amor, é sinal de que você é o ó, sua companhia deve ser péssima, você deve estar encalhada, pois ninguém, nem sua mãe, te quis… Senta e chora. Calma! Pera! Tava brincando 🙂
Hoje, fui eu quem desenquadrou. Na verdade eu nem me esforcei em buscar uma companhia para meu almoço. Bateu a fome, me arrumei, catei meu caderno de escrita, lápis, borracha, livro e me taquei pro meu restaurante preferido.
Só um “parêntesis”, pois preciso compartilhar uma dica fundamental para quem está iniciando na carreira solo, aquela de sair sozinha e ficar bem consigo mesma, sem constrangimento do que os outros estão pensando. Leve um livro consigo! Isso mesmo, leia. Não vale o celular e nem ficar lendo só whats app. Aliás, vai parecer mais ainda que você é uma solitária que fica buscando por informações instantâneas pra ver se algo ou alguém telepaticamente sente que você está péssima e fique virtualmente com pena.
Enfie a cara naquele livro que você está amando e nem tem tempo de ler na semana. Você vai ver que é uma delícia, o tempo de espera pelo prato voa e, se alguém realmente estiver pensando algo sobre você, vai pensar que você é superinteressante, letrada e culta. Pra que melhor cartão de visitas do que esse?
Fecha parêntesis.
Eu sempre comento com algumas pessoas que eu adoro fazer coisas sozinhas, como ir à praia, sair pra almoçar, ir na livraria, comprar roupas, nadar, e todas elas me olham espantadas e perguntam: mas tu vai pra restaurante sozinha? Vou meus queridos, não só vou, como adoro!
Durante um tempo eu mesma encarava esse costume com um certo receio, me sentia só, daquelas que não era capaz de ter uma amiga para um sábado à tarde, um domingo de manhã. Tadinha dela, ninguém quis, encalhou, a póbi! Mas hoje, sem querer aqui dar uma de coaching do bem estar, encaro esses momentos meus como de LIBERDADE!
Depois de muito ler a Martha Medeiros enaltecendo a fase adulta como a melhor de todas as idades, estou me rendendo a ela. Deixei de brigar com os 30 anos e agora os tenho como forte aliado. É muito bom poder escolher o que se quer sem ter de justificar, sem ter medo, sem vergonha, nóia, sem muita regra. A gente quer, a gente faz e pronto, pois já conhecemos nossos limites, gostos e desgostos, portanto, sabendo de nós e nos acolhendo como somos, a nossa companhia fica muito mais legal.
Adulto a gente percebe que um caminho já foi traçado, que nossa marca no mundo já tem uma identidade, mas sabemos que ainda tem muito tempo pela frente. Aos 30 descobrimos também que tudo o que deu errado não nos desmontou, só deu uns arranhões, que foram ótimos pra engrossar o couro e nos preparar para as próximas.
Você começa a perceber que, mesmo com todos os defeitos, neuras, cismas, dores e medos, estar sozinha, ou em sua companhia pode ser divertido, interessante e ainda gera aprendizado. A gente percebe que estar com as pessoas é maravilhoso, mas que estar consigo mesma é sensacional!
Vou parando por aqui, pois meu pedido chegou.
Servidos?
Aqui vai uma musiquina da Malu Magalhães tudo a ver com a vibe de hoje 🙂
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ainda estou aqui
Ainda estamos aqui
… Lembro-me de que quando li o livro, tive a sensação de estar lendo algo sobre meu passado, sobre uma história muito difícil, sofrida, mas passada…