há sempre um sofrimento nessa história
há sempre um sofrimento nessa história
há uma falta
uma saudade
uma vontade
há muito dentro dessas ausências
falta um bocado
nela, ninguém está inteiro
e dela, sairemos aos pedaços.
há uma distância
um protocolo
há uma reticência que corta dois pontos das reticências que poderiam vir a ser
não há devir.
não há porvir.
há quem não está
há o desejo do beijo, a lembrança do cheiro e daquele olhar de areia a fitar.
há quase tudo nesse “não-lugar”, nesse imenso “não-espaço” dilatado, distanciado
um futuro já cancelado, traçado, fadado, condenado antes mesmo de que pudéssemos ser
o que é dito não expressa
as palavras não dão conta do que é corpo
o corpo também não dá… conta
essa fala aflita denuncia alguém que exita
esse ser doído
há muito mais silêncio na voz sem tom
há sempre um sofrimento nessa história