Insônia

Insônia

Um sono fugidio me leva embora o sonho onde por um instante eu te tive em mim.

Insone, busco entre travesseiros e os vincos dos lençóis os lapsos do que fomos em meio à noite antes do clarão da meia noite que de mim levou nós dois.

Perdemo-nos. Num evaporar de esperanças, líquidas, fomos para onde não mais nos teremos, nunca mais nos veremos, não sabemos.

Alguém nos avisara dos perigos do escuro, dos labirintos das emoções desconexas, dessa inconsciência sonâmbula que, de imaginação em ilusão, nos distrai do que somos, nos transforma em outros e nos muda o rumo. 

Partimos. Daqui para não mais. Das lembranças para o esquecimento, do passado para ainda mais pra trás.

Ficamos ali, no instante quase, na chama do eterno, num beco de muitas vias onde dissipas tua imagem e borra-me o que sei de mim.

Desfaço-me, desapareço-me, esqueço-me, perco-me. 

Insônia.

Acordo.

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2 respostas

  1. Frio na barriga. Pés no ar. Precisava dessa crônica pra recordar que perdas nos faz lembrar que somos líquidos, um sopro, um saco de ilusões que viramos em outras pessoas.
    Ficou no ar a velha pergunta: Para que somos?

    1. Pergunta que vai perdurar por toda a existência, é? Somos líquidos, mas, nesse formato, podemos ser muitos e em muitos.

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