Mala de mudança
Mudança: Você, assim como eu, já deve ter ouvido a pergunta a seguir umas várias vezes na sua vida, fosse nas brincadeiras de infância, ou nos chatíssimos treinamentos empresariais:
– Se você fosse para uma praia deserta e só tivesse direito a carregar uma coisa, o que você levaria?
Pois bem, agora estou eu aqui e lhe faço, que é pra ver se eu me respondo, a seguinte pergunta:
– Se você fosse se mudar de cidade por um período indeterminado, o que você levaria???
Vamos lá, quando você viaja de férias, daquelas mais longas, de vinte a trinta dias, apesar de ser um saco e superdifícil – a meu ver – você consegue preparar uma mala.
O raciocínio é simples: vai fazer frio ou calor? É praia, serra ou sertão? Tem ocasiões de gala ou o local é despojado? Vai pra Europa ou pra Califórnia? É pra Jeri?
Respondendo a essas perguntas, assim como no jogo “Cara a cara” (tipo, entregando a idade, rsrsrs. Eu amava!) você vai eliminando um monte de itens e, após umas duas horas, ou um dois dias, você consegue fechar a danada da mala.
Contudo, no meu caso é diferente pelo seguinte motivo: Eu não volto! É Rio de Janeiro só de ida e eu não sei o que levar daquele guarda-roupa e de tudo o mais que eu acumulei ao longo de, pelo menos, uns sete anos, que foi quando eu voltei da minha última morada fora.
Some-se a isto mais um fato bem relevante, eu vou me mudar pra casa da minha tia e lá moram outras pessoas, logo, terei bem menos espaço.
Para ser muito sincera, eu acho isso até bom, pois me ajuda a exercitar o desapego, a deixar de lado a nostalgia que me segue desde que eu nasci e que me faz temer perder memórias se eu perder as coisas. É tão complexo isso, que tratarei num outro post, numa outra vez.
O fato é que eu olho pra tudo o que eu tenho, desde as roupas, maquiagens, cremes, acessórios, até à mesa de madeira da varanda, as almofadas, aos quadros do Chico Buarque, do Vinícios de Moraes e um que fiz em homenagem ao meu avô e não consigo agir.
São muitos objetos a serem carregados na bagagem de uma vida inteira.
A incapacidade de decidir o que levar é tanta que desisti e vim escrever, que é pra ver se me vem uma luz.
Mas vamos ao exercício descrito no sexto parágrafo que é pra ver se ajuda.
1)Eu vou pro Rio de Janeiro, logo, roupas leves e coloridas. Bingo!
2) Só que eu vou ser estudante de faculdade, coisa que já faz uns aninhos que não sou mais e, juro por Deus, estou há dias pensando como devo me comportar “outfitemente” para a ocasião.
3) Lá no Rio, nessa época, faz um friozinho, logo, não posso levar somente as roupinhas curtinhas e despojadinhas que caem superbem nas cariocas, tem de ter uma calça e um casaquinho, pelo menos.
Nem vou entrar no quesito calçados que é pra não encompridar o texto.
A verdade é que abrir mão do que temos é meio que abrir mão do que somos e isso é difícil. Deixar coisas, no meu caso, é também deixar pessoas, é deixar modo de vida, é desfazer-me do que tenho de certo no momento, mesmo tendo a certeza de que estou no caminho certo.
A mudança dói!
Então, daqui pro dia 22 deste mesmo mês, terei que ter decidido o que vai comigo pra minha nova jornada, o que fica esperando eu voltar e o que sai de vez da minha vida.
Não é fácil! E olha que estou falando das coisas. Das pessoas eu não vou nem mencionar, que é pra não encompridar demais o texto.
Ajuda eu, Gonzagão!!!