Minha funcionária do lar, a Do Carmo, resolveu que não queria mais ser empregada doméstica, apenas passadeira e assim pediu demissão dos serviços gerais daqui de casa.
Fiquei louca atrás de gente que pudesse me ajudar, fosse faxineira, lavadeira, passadeira, empregada diarista e qualquer outro segmento de profissão dentro do guarda-chuva: FUNCIONÁRIA DO LAR.
Confesso que nunca havia me inteirado e nem me interessado pela rotina da Do Carmo, quando mudei para esta casa ela já trabalhava com meu marido, então, dei alguns toques, mas deixei do jeito dela.
Eis que em plena segunda feira, com a louça, roupa, poeira e sujeira do final de semana todos em seus devidos lugares, a faxineira com a qual eu havia acordado há dez dias me liga às 8h da manhã para dizer que não iria mais trabalhar para mim.
Após xingá-la até a última geração da sua família, resolvi botar a mão na massa e encarar a desistência da criatura como um sinal de que eu precisava entender como funciona o raio de uma casa.
Peguei um pano úmido com sabão e passei na sala (enorme) nos quatro quartos, limpei os banheiros (incluindo as privadas e lixeiras), lavei a louça que transbordava na pia e saí, exausta, pra resolver minhas coisas na rua. Voltei pra casa, almocei (e já fiquei pensando que teria mais louça pra lavar), botei roupa branca na máquina (levei um tempo para aprender a lidar com ela), cochilei, tirei a roupa da máquina e coloquei o restante colorido. Estendi o branco e fui pro supermercado. Fiz uma compra enorme. Cheguei em casa, peguei o carrinho, tirei tudo do carro, trouxe tudo para cima, tirei do carrinho e guardei na geladeira e despensa os itens. Tirei a roupa colorida da máquina, estendi toda ela e agora estou aqui escrevendo para vocês.
O post de hoje é simplesmente para expressar a minha profunda gratidão e respeito à Do Carmo, à Val, à Antonieta, à Raimunda, à Aila, às Marias, Socorros, Carlas, Amélias e todas as pessoas que facilitam a nossa vida, que dão um duro danado em troca de um salário pouco e que deixam as nossas casas habitáveis, cheirosas, com tudo funcionando como se nada acontecesse.
Para vocês, a minha sincera gratidão e um apelo: Por favor, venham trabalhar comigo! Prometo nunca fazer cara feia, nem brigar, nunca, jamais, tratar mal porque uma roupa foi queimada ou uma carne ficou mal passada. Juro de dedinhos que pagarei todo o salário em dia e que apoiarei todas as ações do sindicato da classe para aumento de salário e direitos adquiridos.
Agora vou indo porque tem uma louça acolá me esperando.
ainda estou aqui
Ainda estamos aqui
… Lembro-me de que quando li o livro, tive a sensação de estar lendo algo sobre meu passado, sobre uma história muito difícil, sofrida, mas passada…
Respostas de 2
A louça não perdoa, né? ^^ Viva a Elza aqui de casa!
Gratidão eterna ao Darcy, trabalhou mais de 30 anos com meu avô!