"Na cadência bonita do (meu) samba"

Por que você come primeiro a sobremesa e depois o jantar?
Por que não espera tirar esse gesso da perna pra voltar a malhar?
Por que não escuta as músicas do CD na ordem das faixas?
Por que prefere treinar na academia ouvindo Chico Buarque, Pixinguinha e não música eletrônica (é meio óbvia a resposta. Rs)?
Por que você não resolve uma história pra depois começar a se preocupar com outra?
Por que você não termina primeiro essa viagem para depois pensar na próxima?
Por que você atira primeiro e pergunta depois?
Por que não se casou antes de ir morar com ele?
Por que terminou primeiro o trabalho que era pra depois?
Por que ainda não teve filhos?
Por que você não começa do início?
A reposta é muito simples de se dar e bem complexa de se vivenciar: Por que eu não tenho cadência! Ou melhor, porque a minha cadência é outra.
Porque prioridade e urgência se confundem na cabeça.
Porque amor e paixão se confundem na alma.
Porque quem tem ordem é alfabeto.
Porque começo, meio e fim são fatores não cronológicos quando o assunto é abstrato, quando é sentimento, quando é inquietação, quando é de cada um.
Porque nossas regras existem para serem quebradas.
Porque o pensamento tem tempo próprio e não é necessariamente o que deveria ser.
Porque meu enredo é desprogramado e no shuffle da minha trilha sonora tem do Pavarotti ao Zezé di Camargo.
E, por último, parafraseando o poeta, Ataulfo Alves, eu “quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita do (meu) samba”.

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