Nadar, nadar e permanecer na praia

Final de ano é isso, um balanço do que foi a nossa jornada desde a largada, no dia 1º de Janeiro, até a bandeirada final.
De uns tempos pra cá, comecei a traçar objetivos para o ano que se inicia, são metas que eu gostaria de atingir, realizar, focar, mas devo confessar que só me lembro delas umas duas vezes durante o curso, se tanto: uma na metade a outra no final, quando já é tarde.
Na verdade, eu até me esqueço de quais foram os objetivos que tracei, vou já catar ali os de 2015 para ver se tira de mim essa sensação que me acomete hoje: a de nadar, nadar e permanecer na praia.
É isso mesmo, permanecer, pois graças aos céus, eu ainda não morri.
Porém, é estranho, pois eu estou exausta, acho que cruzei o canal da mancha nadando borboleta, mas tenho a sensação de não ter ido a lugar algum, e olha que eu busquei. Pense numa pessoa que se busca, essa sou eu!
Li livros motivacionais, terapia, pedi conselhos, dialoguei, refleti, rompi – ainda que parcialmente – com situações que não me faziam bem, mudei de academia, busquei novas inspirações, mas continuo com a impressão de que dei com os burros n´água.
Foi um ano difícil, todos sabemos, econômica e politicamente, mas acho que o poço é mais profundo. Esse cheiro de inhaca nacional, essa dorzinha interna que botou uma ruga na cara de nós brasileiros certamente também é fruto de um bombardeio de notícias ruins que, juntas, derrubariam qualquer Titanic, por mais forte que fosse. Mesmo assim, acho que tem mais coisa aí.
Percebo que, como eu, estão muitos no mesmo barco tentando encontrar uma razão positiva para sustentar o sorriso no rosto, mas sempre há uma ressalva mudando nosso humor de opinião.
É a economia, é o desemprego, é o preconceito racial, é o discussão sobre os direitos da mulher, é a falta de reajuste dos professores, é o excesso de reajuste do judiciário, é a Lava-jato, é a Zelotes, é o diabo a quatro, é pau, é pedra é o fim do caminho…
Sei não… Isso tudo pode até colaborar para ficarmos mais descrentes, mais amargos, mas acho que é tudo pano de fundo, ou panos quentes, em cima do que incomoda de fato: a falta de solução interna.
Falta de dar um destino definitivo para nossas questões de curto, médio e longo prazos. Falta de coragem, falta de rumo e falta de clareza, seja até para permanecer onde se está e perceber que isso pode ser bom.
Aí vem o final do ano como um mar revolto e sacode tudo o que tem dentro te fazendo avaliar se valeu a pena – ê, ê – ser pescador de ilusões (Rappa), se valeu a pena conquistar o seu lugar ao sol.
A este maremoto de Dezembro eu respondo: SIM, valeu! Sim, para sempre valerá nadar, remar, boiar, deixar a correnteza levar… Afinal ainda permaneço na praia e a vista do mar é a mais linda que existe nesse mundo.
Vou já ali dar um mergulho.
Volto já, ano que vem!

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