Dia dos namorados

Dia dos namorados

As notícias correm, as manchetes nos atropelam, o tempo rui num relógio que desaprendeu a contar as horas. É tudo uma coisa só, ao mesmo tempo. É tudo uma grande espera pelo que ainda nem sabemos. A vida passando em segundos que duram dias.

Tempo fragmentado, dividido entre as micro sensações de incertezas que permeiam todo o corpo. Cada célula busca por respostas, cada uma quer respirar e nenhuma delas sabe quando e nem onde te encontrar.

Ainda teremos sede de mundo? Vamos querer voltar? Ou vamos morrer aqui, protegidos do “fora” e expostos à crueldade de nós mesmos, dos nossos próprios pensamentos?

Onde estamos, meu amor? Que horas são? Em que momento eu te acho para seguirmos pra sempre? Tem um depois esperando por nós? Um quando? Até quando?

Por enquanto quase me perdi em nós e me esqueci de pensar na gente. Tudo confuso nesse “entre-tempo” onde estamos vagando. Flashes me vêm e você tá num mar completamente entregue a Iemanjá. Pisco e você tá longe a me fitar. O sol encandeia a vista e mal posso te ver, ao mesmo tempo que minha retina queima: você. Os sons zonzos entre João Gilberto, Tom, Caetano, Rita Bennedita… de quem é mesmo aquela canção que fala da morte? É de Gil, toda de Gil. Gil tá no “panteon” junto com os outros dois, lembro-me de você dizer e eu discordar. Agora, já nem sei mais.

É dia dos namorados e isso me parece tão cafona. Mas, sim, sabemos que o amor é brega, todo ele, a começar pelos apelidos, a terminar pelas declarações de amor. Mas quem se importa?

Cá entre nós, entre os nós, entre cada pedaço de lugar que buscamos para nos esconder, a cada instante eu quero te encontrar. Nossa primavera vai chegar. Já passou do tempo daquele lugar.

Vamos fugir?

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