Neste Natal, dê sentimentos de presente

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A propaganda de natal de um shopping em São Paulo encerrava com o “genial” slogan  de efeito: Traduza em presente o que você sente.
Opa! Acho que deturparam de vez o sentido do natal e não foi porque se  esqueceram do nascimento de Jesus; sinceramente, isso também não me diz muita coisa. O pior para mim é que  confundiram afeto com objeto.
Qual será o presente, então, que a minha mãe merece?  Uma Ferrari? E o meu pai? Um jatinho? E minhas amigas?  Uma viagem para Paris (só de ida)? Qual o preço do nosso amor e dos nossos laços construídos por uma vida inteira?
Jamais saberia precisar em um produto o que eu sinto pelos meus pais ou o carinho que tenho pelo meu irmão, a saudade que eu sinto de quem mora longe, a admiração que tenho pelo meu avô, a gratidão que tenho pela minha tia, a amizade que nutro pelos meus primos e amigos próximos que estão comigo há uma vida inteira, a paixão, o perdão e até mesmo a raiva. Sentimentos são intangíveis e imensuráveis, não dá para querer materializá-los.
Posso estar exagerando e a pessoa que criou a campanha do shopping nem deve ter analisado com tamanha profundidade a sua ideia. Que pena! Pois é por causa dessa falta de reflexão e pelo imediatismo cotidiano que estamos cada vez mais apegados às coisas do que às pessoas e, pior ainda, estamos nos esquecendo de como se demonstra o que sentimos através de palavras e gestos.
Ligar para saber como foi a consulta de uma amiga com a endocrinologista sobre aquele probleminha na tireoide virou raridade. Com o WhatsApp a gente manda (de graça) uma mensagem perguntando como foi,  isso se a gente se lembrar, pois temos mil e um outros afazeres muito mais importantes do que mostrar nosso amor pelo outro.
Contudo, substituindo o sentimento pelo objeto, deixamos de ouvir a voz, a entonação, o suspiro da nossa amiga e talvez ela nos responda que tudo está bem e nem vamos saber se ela estava aos prantos naquele momento, preocupada com o diagnóstico.
Neste natal, sugiro que você e eu façamos exatamente o oposto do que sugere a tal propaganda que motivou este post. Esqueça os presentes e ligue, marque um encontro, escreva uma carta (no papel), diga que ama, que sente falta, abrace, beije, ria junto. Vá a praia com seu amor ou sua mãe no dia do natal. Vou com minha mãe sempre no dia 24 e chegamos no natal todas descabeladas, mas bronzeadas e com alma lavada.
Desejo que seu amigo secreto/oculto  lhe dê um presente irrisório diante da alegria dele em ter sorteado você, que seu amor lhe diga “eu te amo” com tanta verdade que a aliança de ouro fique em segundo plano e, finalmente, que o papai Noel desça pela sua chaminé distribuindo afeto dentro daquele saco vermelho imaginário, pois todo o sentimento do mundo jamais caberia num saco real.
Feliz Natal!

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8 respostas

  1. Olá Luciana!
    Adorei a sua reflexão. Descobri o seu blog hoje e ficarei passando por aqui para acompanhar suas reflexões e histórias.
    Beijos
    Feliz Natal!
    Stella Magalhães (sua amiga de escola. Lembra?)

  2. Luciana, à você um feliz e abençoado NATAL DE JESUS!
    Parabéns pelo belo texto, é isto que realmente importa… ser presente, ser presença, ser amor, tornar as pessoas ESPECIAIS, no dia a dia. Ah, obrigada pela postagem dos textos via e.mail. Grande abraço, Lúcia Crisóstomo

  3. Lu, muito bem!
    Sou dessas! Amo receber um presente em que a pessoa diga “eu quem fiz” ou “achei sua cara”. Escutar ou vê nos olhos da pessoa que o “eu te amo” é de coração, nao tem preço!

  4. LuLu Linda!!!
    Não há presente que eu pudesse escolher para simbolizar minha admiração por você, o orgulho e a alegria q sinto ao ler seus textos!!!
    Muito feliz com seu sucesso!
    Minha “Marta Medeiros”!!

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