Hoje, conversando com um amigo querido, divorciado, começamos a divagar sobre os fatos da nossa vida.
Disse ele: – Eu nunca pensei que um dia seria “desquitado”. Taí, nunca pensei que eu fosse casar e me separar.
E eu completei: – Pois eu nunca pensei que um dia seria “amancebada”, que, no bom português, significa “morar junto”, sem casar.
A terceira pessoa que estava conosco também teve um casamento bem diferente do que nos doutrinou a educação, a cultura e os costumes da época em que nascemos.
Fomos mudando, evoluindo e concluímos que, ainda bem, podemos escolher caminhos aparentemente tortos, mas que se amoldam perfeitamente à nossa personalidade nada ereta.
Fiquei pensando em como, ao longo da vida, a gente vai ganhando “sobrenomes” para os quais não sabíamos estar preparados, ou ainda, jamais pensamos que seriam nossos. Isso acontece porque, ao longo dos anos, a gente vai se casando com nossas escolhas e elas passam a ser a gente, da gente, a ter a nossa cara, a nossa identidade, cpf e certidão, até que um dia a gente resolva mudar de figura e casar com outra coisa.
Atualmente sou: Luciana Terra Targino “Amancebada” Que ainda não teve filhos Com um coração sensível Que quer ser artista plástica Mas não nasceu com o dom do desenho.
Meu amigo se chama: Fulano de Tal e Tal Desquitado Meio inseguro Gente boa Na tentativa de ser uma pessoa melhor Um pai bacana Etc Etc
A moça da loja ao lado deve se chamar Ana Mesquita Saboia Com um amor não correspondido Chifruda Mãe dedicada Mulher relaxada que não cuida de si.
Enfim, o tempo vai passando por nós e nos deixando heranças, não materiais, mas aquelas que nos definem, nos modificam, nos fazem ser outra pessoa, diferente do que achávamos que seríamos.
Às vezes nos tornamos melhores do que contávamos, mais altruístas, mais inteligentes, mais legais com o próximo, mais dedicados ao trabalho, melhores como pais, mães, irmãos, como profissionais. Por vezes não, nos encontramos completamente desconectados do que considerávamos ser a nossa melhor opção. Parece que estamos perdidos, num barco sem rumo, como se o corpo vivesse algo que a alma não reconhece. Casamos com escolhas que nos levaram a um caminho tão longe de nós mesmos, que o tal sobrenome adquirido parece de um parente láaaaa de longe.
Mas, sinceramente, eu prefiro assim. Prefiro ir errando e me acertando no decorrer do caminho. Prefiro me casar várias vezes com essas escolhas malucas que horas dá, mas horas não dá certo. Admitir que não é possível se dar bem em tudo nos liberta de uma perfeição idealizada que custa muito caro e nos dá um trabalho danado conquistar.
Acho que o segredo está em aceitar os sobrenomes que vierem com nossa história, sejam eles positivos ou negativos, que dão orgulhou, ou vergonha, não importa, no final, o que conta mais é a quantidade adquirida de “rótulos” que vão te representar e, principalmente, que vão te perpetuar para os seus nas próximas gerações.
Muito prazer, sou Luciana… De quê?
Respostas de 2
Atualmente sou: Maria Julia Nogueira Sidrim, arquiteta um pouco insegura mas ao mesmo tempo tentando abraçar o mundo, muito amada pela minha família.
É isso mesmo!!!