Para as minhas primas

Para as minhas primas
Hoje, assistindo a uma palestra sobre marca pessoal, personal branding, na qual se falou sobre que tipo de sensação deixamos nas pessoas, surgiu um tema interessante.
Comentávamos sobre o quão superficial são as relações nas redes sociais, aí saiu um dado de uma pesquisa que fala que nós só somos capazes de nos relacionar de verdade com umas cem pessoas, mais ou menos.
Aí eu corroborei com o seguinte comentario: -Acho que é isso mesmo, pois o núcleo duro da minha família tem cem pessoas, deve ser por isso que tenho poucos amigos.
Todo mundo olhou pra mim com cara de espanto e com uma inveja boa:
– Caramba! Cem??? Que incrível!
E completei: – É, e a gente acaba emprestando os amigos uns pros outros, todo mundo vira amigo de todo mundo e é mais ou menos assim.
Minha timidez colaborou pra meu ciclo pequeno, porém precioso, de amigos, mas confesso que na infância eu achava que não precisava de mais amigos, tinham meus primos e primas que já me eram raros e caros.
Depois da palestra, passei o dia todo com minhas primas na cabeça.
Peguei o celular e elas estavam discutindo qual a cor que uma delas deveria pintar o cabelo, todo mundo opinando e fazendo parte de algo extremamente importante e banal, ao mesmo tempo.
Percebi que minha relação com minhas primas não é de amizade, apenas, mas de dependência.
Eu simplesmente preciso delas!
Elas me suportam há anos. Com elas eu não tenho máscaras, por mais que eu queira disfarçar, minhas fraquezas brotam e minhas dificuldades ficam evidentes.
A gente se conhece pelo olhar e é muito mais fácil quando alguém adivinha que você precisa de colo, sem que se diga uma só palavra.
Elas embarcaram comigo nas minhas maiores farras e, de perto ou de longe, estiveram nos meus melhores projetos.
Elas suportam as minhas crises. A dos 30, a de amores rompidos, as de identidade, as de maturidade.
Ao lado delas eu não envelheço. Relativamente, entre nós, os anos não passam e as mais velhas são as mais velhas e quem é mais nova, fica sempre assim. Mágico, não?
Com elas eu aprendo: sobre filhos, dieta, sentimentos, tolerância, raiva, indignação…
Com elas eu não me sinto ameaçada, é como se eu tivesse uma legião do bem que, por mais que tenhamos nossas estranhezas, elas são por mim e eu por elas perante o mundo.
Elas carregam as minhas mais doces lembranças, pois foram e são protagonistas. Com elas eu me sinto inteira, me sinto segura e contextualizada nesse mundo e nessa vida que nos pregam peças, nos tiram do eixo, nos desestruturam.
Elas são como pedaços meus, que, por serem vários e completamente diferentes, me completam e me dão o que eu nem sabia que precisava ou tinha.
E é claro que a gente briga. Óbvio que a gente se frustra. Ora, somos humanas e imperfeitas, mas certamente nosso destino é estar juntas até o fim.
Com elas, eu sou mais eu.

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8 respostas

  1. Luciana cada vez que leio um texto seu fico apaixonada. A sua leveza na escrita é extraordinária… Parabéns… Adorei e vou continuar torcendo para que vc continue nos presenteando com seus comentários adoráveis. Bjus da tia lucia mãe da paula e vovó das bonecas mais adoráveis.

    1. Oi tia!
      Que bom receber um comentário lindo desses aqui!
      Muito obrigada!
      Um beijo bem grande nessa avó querida das netas mais gostosas e carismáticas desse mundo.

  2. Gostei do texto. Acho que você se expõe, e por isso seja tão bom, nunca tinha lido nada seu e fiquei verdadeiramente impressionado com sua facilidade para escrever. Parabéns, espero que vc chegue a ler isso pois estou postando pelo i-phone…

  3. Lindo Lu
    Com elas eu não me sinto ameaçada, é como se eu tivesse uma legião do bem que, por mais que tenhamos nossas estranhezas, elas são por mim e eu por elas perante o mundo.
    Muito amor

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