Para Fortaleza, com amor.

Hoje é quarta-feira de cinzas, mas o texto não tem nada a ver com carnaval, porque simplesmente não me ocorreu nada sobre o tema, apesar de eu ter amado o meu carnaval.
Amei porque eu me despi do meu preconceito – que, como já falei aqui, era burro, como qualquer preconceito – e passei o carnaval na minha cidade, Fortaleza.
Eu sou dessas que vivo falando mal daqui, que digo que não tem nada pra fazer nessa terra, que as pessoas são mal educadas, que se acham donos do mundo, que destratam os mais pobres, que não temos cultura, nem ofertas de cinemas, teatros, restaurantes. Vivia dizendo que queria mesmo era ir pro Rio de Janeiro morar lá. Aquilo sim é que é terra boa, gente na rua, todos andam a pé, têm livrarias, teatros, cinemas, praias, restaurantes deliciosos, um jeito mais leve de ser e, portanto, mais feliz, etc, etc, etc.
Bem, eu ainda continuo achando tudo isso do Rio de Janeiro e MUITO, mas muito mais, mas a minha opinião sobre a minha cidade está mudando para muito melhor, ainda bem.
Passei o carnaval aqui e foi DIVERTIDÍSSIMO! Fui sozinha para os dois dias de Luxo da Aldeia no Mercado dos Pinhões. Lá eu fui para a frente do paco, ali na grade mesmo – detalhe que apareci em todos os jornais locais de Tv, mas tudo bem – e me esbaldei sentindo o maior orgulho do mundo de todos os compositores cearenses que alimentam a minha alma com tanta música linda. Fausto Nilo, Ednardo, Evaldo Gouveia e tantos outros que nos presenteiam com as mais lindas obras que tocam fundo e a gente canta com o coração cheio de emoção por pertencer a isso tudo aqui.
Também dei uma circulada pelas praias: do Futuro, Cumbuco e Prainha. Todas eu já conhecia, já fui umas mil vezes, mas todas as vezes me encanto com a beleza, com a delícia do mar e a sua temperatura morninha… O Rio tem esse defeito, a água do mar é gelada demais. Mas não se pode ter tudo, né?
Atualmente tenho visto que sou eu quem estou com a mente pequena e não a minha cidade. Sou eu quem estou me recusando, ou, simplesmente, negligenciando, tudo o que está acontecendo por aqui.
A mobilidade urbana com as ciclo-faixas tem permitido que a gente ande de bicicleta pra cima e pra baixo, com segurança e dignidade. Tem festas para todos os gostos e ritmos espalhadas pelos quatro cantos de uma cidade outrora resumida em bairros. Porém, agora, os tais guetos parecem “dialogar” entre si, emprestando suas praças, costumes e gente para quem quiser conhecer “o que é que Fortaleza tem”.
A violência é um problema, na verdade ela é O problema, pois, com isso sanado, moraríamos no paraíso, certamente. Já que o paraíso tem de ter alguns defeitinhos pra não entediar.
Mas, mesmo assim, mesmo com muita coisa ainda meio torta, com obstáculos que ainda me fazem olhar torto eu vou, cada vez mais, deixando de entoar esse mantra de que Fortaleza é uma província e vou abraçando a minha aprendiz de metrópole que me abriga, me acolhe, que, às vezes, me dá um empurrão, me sacode, me assalta, mas que é MINHA e do meu povo, do meu pai e da minha mãe, que nem é daqui, mas já se sente e não arreda pé pra nada. Nem pro Rio de Janeiro, onde ela nasceu.
Fortaleza, sua linda, desculpa aí pelo período de cegueira, desculpa aí pelo mal jeito, perdoa essa sua Iracema mimada que só via beleza no que estava longe. Tu és linda, Fortaleza, linda demais, multicoloria e com uma Luz que nem a mais boba a tuas moradoras, eu, conseguirá apagar.
Com amor.

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4 respostas

  1. É isso aí, Lu! Fortaleza é linda! Amo minha cidade, mas ainda prefiro Londres. Rsrsrs
    Bjus :*

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