Para uma pergunta sem resposta

Em tempos de zap zap e redes sociais, quando ficamos muito mais próximos – mas talvez distantes – uns dos outros, não há desculpa alguma para uma pergunta sem resposta, não é?
Antigamente – e isso não tem 15 anos – para se falar com alguém a gente ligava e se a pessoa não quisesse te anteder, ela deixaria o telefone tocando e você mirabolaria mil desculpas na sua cabecinha que só sabia fantasiar: Será que não tem ninguém em casa? Será que ele viajou, Será que saiu e vai dormir fora? Será que tá doente? Será que ele morreu?
E assim, com esse monte de perguntas, você encontrava uma boa resposta para aplacar o seu coração cansado de esperar por quem não ficou de vir.
Ainda tinha a versão mais propícia a devaneios, a carta, aquela que você mandava seis meses antes e, como o boy não havia respondido, você maldizia até a nona geração dos correios pela incompetência de não fazer a sua mensagem de amor até o SEU amor, amigo, whaterver. Assim. você não sucumbia com a realidade de que a pessoa havia, simplesmente, não tido o interesse, a consideração, a vontade ou, simplesmente, a decência de te responder.
Vivíamos na mentira e felizes, pois, como bem disse o grande poeta, Cazuza, “mentiras sinceras me interessam, me intereeeeessam”.
Mas agora a brincadeira acabou, babe, e você está perdido, sem pai nem mãe, bem na porta da casa da realidade – continuei com o Cazuza, só porque amo essa música.
Não tem mais desculpa! Se você liga, o bofe não atende e não retorna nas próximas cinco horas, ele simplesmente não está afim de falar com você. Nem adianta achar que ele não viu, pois está lá, e celular é o ser “vivo” para o qual a gente mais olha, a gente mais acaricia, toca, beija… Enfim, é isso aí.
Se nas carícias do Iphone o homem, ou a mulher, não quis digitar seu nome, gata, é porque ele/ela não te quer, simples assim.
Com o zap zap é ainda pior: primeiro a tensão pra saber se a mensagem foi entregue, depois que viu que foi, se o “caba” recebeu e, por último, a facada final, os dois tracinhos azuis dizendo que ele leu e não, nunca, never, te respondeu. Aceita que dói menos, você não tem importância alguma na vida dele, princesa.
Mas não se desanime, não se desespere e nem esmoreça. Tudo que vem rápido, vai rápido e um fora dado goela abaixo te exige menos tempo de recuperação. Acaba a esperança, você desce do mundo de Alice, deixa de ser besta e parte logo pra outra.
Num mundo moderno além da conta, sofrer é necessário, mas dramatizar demais está fora de moda. Mi, mi, mi; buá, buá, buá; blá, blá, blá, tudo isso deve sucumbir com a mesma velocidade que levou pra você insistir, pela milésima vez, numa história que já foi.
E já que estamos falando de modernidade, atualmente, estão super em voga os movimentos feministas que, concordando ou não com todas as reivindicações, tem três coisinhas inquestionáveis presentes em todos eles: o amor próprio, o amor em ser mulher e o cuidado que devemos ter com nós mesmas.
Portanto, aproveite a falta de resposta instantânea e instantaneamente mude o foco, vire a página, vire o disco e siga em outra direção. Uma hora calha de você encontrar um cara que vai te escrever cartas de amor, vai falar um monte de romantismos no seu ouvido, vai te amar sem pressa, vai querer ficar e vai te fazer ver que o que for amor verdadeiro jamais será tão rápido quanto a tecnologia.

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6 respostas

  1. “A fila anda, a catraca gira…” rsrs Foi o tempo em que MI MI MI resolviam as coisas. Adorei lu, beijoss! :*

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