As pessoas à nossa volta

As pessoas à nossa volta
Hoje passei mal na minha própria casa. Tive uma pilora, uma vertigem, uma tonteira, sei lá o que foi. Estava sozinha, a funcionária já tinha ido embora e meu marido devia estar num voo de Madri pro Rio, ou seja, era só eu.
Foi aí que imediatamente, quase sem enxergar direito, fui até o interfone e liguei pra portaria.
- Portaria, Neris, boa tarde! Fala a pessoa a quem dedico este post.
- Oi Neris, é a Luciana, eu tô me sentindo mal e estou sozinha, você pode vir aqui?
O Neris subiu em um segundo correndo pelas escadas, pois o elevador, segundo ele, estava demorando. Encontrou-me deitada no chão da cozinha; estava tonta e com medo de me levantar. 
Deixem eu lhes apresentar, o Neris é um dos porteiros do meu prédio e é aqui que está a importância das pessoas à nossa volta.
Muitas vezes, vejo "patroas" destratar empregados, porteiros, garçons ou, mesmo quando não destratam, lidam friamente com estes profissionais, como se fossem simples operadores de abrir portões, fazer comida, servir o jantar, etc. Esse tipo de tratamento grosseiro ou indiferente sempre me incomodou. Meus pais me ensinaram desde muito cedo que somos todos iguais e que "bom dia" se dá assim que vemos as pessoas que nos ajudam tanto em casa.
Você já parou pra pensar que o porteiro do seu prédio tem uma filha, uma mãe ou uma namorada que ficaram em casa com saudades enquanto ele abre o portão às 3 da madruga, horário que você volta da farra? Já se deu conta de que a babá do seu filho pode estar deixando o filho dela, com a mesma idade do seu, sozinho no Domingo para que sua cria não lhe dê trabalho?
E você ainda reclama, né? Que não chega no horário, que a empregada está abusada, que o porteiro dorme à noite, que o motorista atrasou dez minutos pra lhe buscar no salão...
Pois é, só que essas pessoas que estão ali para facilitar a nossa rotina podem se tornar parte da nossa vida, aquela que vai cuidar da gente ou dos nossos entes mais preciosos. São quase anônimos, pois nunca nos interessamos por suas histórias, mas estão dentro de nossas casas e fazem toda a diferença na nossa existência.
Hoje, quem foi meu amigo e salvador foi o Neris, o porteiro. Ele pegou o meu braço, viu que eu estava fria, me levou pra sala e me fez companhia até a minha mãe chegar. Falou da sua dor na cervical por causa do trabalho e trocamos ideias sobre musculação. Disse que muita gente pensa que eles estão ali só para cuidar da portaria, mas que, na verdade, estão também para ajudar e que posso chamá-lo sempre que precisar.
Hoje eu conheci um pouco mais de perto quem está ali comigo todos os dias, mas que passa despercebido. De hoje em diante o Neris nunca mais será o mesmo pra mim. Descobri alguém que é doce, preocupado, dedicado e que tem dor na cervical. Sinto-me mais segura e feliz em saber que tenho tão perto alguém tão bom.
A mensagem de hoje é dedicada ao Neris e a todos esses "anônimos" indispensáveis para nós. A eles, todo o meu respeito, minha admiração e o meu MUITO obrigada.

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3 respostas

  1. Adorei, Lu. E fico aliviado que você já esteja se sentindo melhor.
    Eu tenho mania de sempre procurar o nome das pessoas que me atendem np crachá delas, ou pergunto mesmo. Acho que, no mínimo, terminar com um “obrigado, fulano” dá um tom melhor para a situação e creio que faça nós dois nos sentirmos bem, mais acolhidos, até.

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