Realidade Caetana… E Bethânia

Dia desses escrevi aqui o post “Um sonho Caetano”, esse aqui http://blog.opovo.com.br/parissodeida/2015/11/04/540/. Mas hoje o tema é sobre a realidade. O texto a seguir foi escrito no Domingo passado.
Ontem, ou hoje – já que cheguei em casa às 7h da manhã – fui ao desfile das escolas de samba campeãs do carnaval do Rio de Janeiro. Mangueira nas cabeças, com a Diva Maria Bethânia como homenageada, de samba enredo e tudo, corpo e alma na avenida… FUI!
Confesso que, mesmo sabendo da magnitude do espetáculo que me esperava, eu fiquei com uma certa preguiça. Imaginava que eu chegaria de volta em casa um trapo, muito tarde da noite – ou cedo do dia -, que eu não tinha mais saco para essas aventuras de farra. Porém, uma tia minha muito querida, fanática pela Mangueira, viera ao Rio só para ver a sua escola desfilar como campeã na avenida. Ela ainda vinha com as duas filhas – primas que são irmãs – e a alegria delas me contagiava.
Se arruma de verde e rosa, pega o metrô, anda muito até o sambódromo e eis que estávamos eu, tia e primas na Marquês de Sapucaí.
Deus do Céu! Xangô, Oxalá, Oyá, Saravá! Desculpem-me pelo exagero no sincretismo, mas é que ainda estou inebriada com Maria Bethânia, e ela acredita em tudo isso aí, assim mostrou o desfile. Mas quando eu penso que não posso amar mais do que já amo o Rio de Janeiro, me deparo com aquela insanidade carnavalesca, onde médicos, advogados, pais, avós, netos, negros, ruivos, especiais, homens e mulheres se travestem das fantasias mais bizarras e lindas e te levam numa toada de sonho, magia e encantamento. Uma loucura! E viva o carnaval!
Os desfiles invadem madrugada a dentro e o cansaço invade o corpo. Você senta, levanta, conversa, samba, canta, espera a próxima escola chegar na frente do local aonde você está e eis que a Portela resolve iniciar o seu desfile de terceira colocada com duas de suas cações mais consagradas. Foi a coisa mais linda do mundo! Vou até colocá-las aqui, caso você tenha interesse em conhecer, ou rever. https://www.youtube.com/watch?v=4VeN2JirTCQ e https://www.youtube.com/watch?v=cmMDdJFNuFQ.
Aí, duas escolas depois, lá se vem ela, Mangueira supercampeã depois de um jejum de treze anos. Ali comigo, minha tia mangueirense roxa, ops!, verde e rosa e as minhas primas amadas. Que emoção!
Mas meu coração ansiava mesmo era por vê-los, mais até do que a Mangueira eu queria vê-los, os irmãos Veloso, os filhos de Dona Canô, que lá de cima rezava a sua novena, a menina de Oyá e o meu relaxador de alma com sua voz doce. ELA que tem a voz feminina mais marcante e linda que já cantou em português… Meu coração estava feliz demais, emocionado, inebriado, e agitado.
Caetano passou primeiro. E, ao contrário do que falei na outra crônica sobre Caetano, ele não me acalmou, eu PIREI! Comecei a pular freneticamente, joguei beijos, bati palmas, fiz corações, dizia que o amava e ele me viu e retribuiu lindamente. EXPLODE CORAÇÃO! Foi lindo demais, foi mágico, foi real, foi muito melhor que o sonho porque Caetano é o oposto em si, ele acolhe e explode. Não dá (mais) pra segurar!
Depois veio a Deusa, a Diva, a Única, a Absoluta: Maria Bethânia. Passou rápido, mas tempo suficiente para virar memória e para ter uma imagem gravada de alguém que tanto ouço.
Foi lindo realizar um sonho que eu nem tinha, de ver Mangueira campeã, de poder dividir com pessoas que comungam da mesma paixão, sendo coroada por dois artistas que só me despertam gratidão por uma trilha sonora que tanto me enriquece.
Legal também é você poder se entregar às coisas que te fazem feliz. Para mim é a música, é o samba, é a praia, mas para você pode ser a fotografia, a natureza, os cachorros… O importante é você ter paixões, várias, não só por uma pessoa, mas por pessoas e coisas. Isso multiplica a sua chance de ficar feliz, mesmo quando alguma área da sua vida não vai bem.
Pois bem, agora passou, a Mangueira passou na avenida, Caetano e Bethânia também. Mas não acabou não, vou bem ali ligar o som e ouvir a minha dupla favorita e me lembrar do que agora é meu e ninguém tira: A realidade em forma de lembrança.