Sempre gostei das músicas da Rita Lee.
Não sou de ouvi-las tanto, mas quando toca no rádio, ou em festas, eu me sacudo toda, canto alto, encarno a roqueira meio romantiquinha e me jogo. Adoro!
Recentemente foi lançada a autobiografia dessa artista tão interessante que esse Brasil tem e eu, imediatamente, tive curiosidade de saber o que aquela pessoa tão excêntrica, sempre sorrindo, de cabelos vermelhos, voz doce e cara de louca tinha pra contar.
Bingo! Comprei e amei, quer dizer, ainda estou amando. Vale muito a leitura e, apesar de esse espaço ser para falar de cinema, tomei a liberdade de postar sobre o livro, pois a sua vida daria uma série em várias temporadas de não sei quantos capítulos.
A Rita é maravilhosa! A Rita é intensa! A Rita é corajosa! A Rita é talentosa!
Se você pensa que tudo lá vai ser hard core na vida de uma mocinha roquenrou, engana-se, Rita tem muita doçura. Se pensa que tudo lá vai ser música e poesia, errou de novo, ela fumava e tomava ácido à vontade. Se pensa que ela é a ovelha negra da família, repense seus conceitos, pois Rita é filha de família grande, unida, com babás que a paparicaram uma vida inteira com pai presente, mãe carinhosa e irmãs superparcerias.
Engraçado que o pai se ofendeu quando ela lançou a canção Ovelha Negra, porque disse que as pessoas iriam achar que ela tinha sido expulsa de casa. Fofo!
Além disso, Rita Lee teve três filhos e tocou a maternidade e a carreira brilhante com a ajuda da família incrível e do relacionamento delicioso de se ler que ele tem com o Roberto de Carvalho, seu amor, seu tesão e seu parceiro de carreira.
E tudo isso está lá, não sou eu quem estou inventando não.
Quem se aventurar na vida dessa roqueira pioneira e transgressora, ainda vai poder ser tocado pela amizade dela com Elis Regina e com tantos outros artistas os quais conhecemos dos palcos, mas que, quando se fecham as cortinas, são pessoas comuns, com dores, problemas, dilemas e alegrias como qualquer um de nós.
Mas eu não vim aqui pra fazer spoiler do livro, mas para falar do que mais me chamou atenção na forma como a Rita escreve a sua vida no duplo sentido.
Tudo é simplificado e bem humorado!
Gente! Não seria essa a receita para uma vida feliz?
Mesmo nos maiores traumas – ela sofreu um abuso terrível aos quatro anos de idade -, mesmo quando foi trapaceada, sacaneada, presa, quando tudo deu errado, Rita Lee tratou sem muitas neuras, sem muitas lamentações, com uma leve ironia que não diminuiu o problema mas deixou o tal de um tamanho que pudesse ser suportado e, principalmente, superado.
Não sei se a vida inteira foi assim, não sei quantos anos de terapia ela fez, não sei nem se ela chegou a fazer análise, só sei que esse tom de seguir adiante é estimulante e deixa tudo mais fácil.
A gente sabe que vai ter dor nessa vida, que vai ter morte – dos nossos e a nossa -, que seremos sacaneados, que vamos ter de engolir sapos, que vamos perder muitas vezes, mas é tão difícil admitir tudo isso. Estamos sempre na esperança e na expectativa de que tudo vai dar muito certo e de que seremos sempre bem felizes.
Aí, quando dá errado, catapluft! Parece que nos tiraram o chão.
Essa leitura tem me ajudado a refletir como a vida é mais fácil se a gente descomplicar.
Com a Rita Lee, também tenho aprendido que todas as loucuras cabem dentro de uma vida normal e careta, como casar e ter filhos. Rita vive tudo sem perder sua essência porra-louca e sem perder seu eixo como pessoa, mãe, filha, esposa e mulher.
Rita é A MULHER que canta o prazer da mulher, o qual é tão esquecido por aí. Ela bota a gente pra cantar o Amor e o Sexo, o prazer, a Mania de você. Nos faz delirar com o beijo do Doce Vampiro, morrer de tesão numa banheira de espuma sem culpa nenhuma. Chega mais!
A Rita Lee quebra tabus. Não há nada que não possa ser dito e nada que não possa ser vivido. Lendo esse livro você certamente vai se encontrar com uma porção sua meio acanhada, meio deixada de lado, quietinha para não incomodar os outros. Seu pedaço Ovelha Negra.
Pois incomode-se! E não peça Desculpas pelo auê. Tenha com a vida um Caso sério, mas não se leve muito a sério. Seja um Mutante de si mesmo, morda da Erva Venenosa que é viver e se deixe ser pego no Flagra pelo acaso. Tudo isso são Coisas da Vida e a gente se olha e não sabe se vai ou se fica.
Venha me beijar…
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ainda estou aqui
Ainda estamos aqui
… Lembro-me de que quando li o livro, tive a sensação de estar lendo algo sobre meu passado, sobre uma história muito difícil, sofrida, mas passada…
Respostas de 6
Salve Rita Lee! Beijo Luuu..
Salve!
Beijo querida.
Que texto legal!!! Você entrou na vibe da Rita e sua escrita fluiu igualmente de maneira suave!!! Fã ou não fã, ninguém discute que “Nunca houve uma mulher como Rita!”
Parabéns, Luciana!!!
Laerth,
Muito obrigada! Rita é mesmo essa mulher incrível!
Bjs
Luciana
Lindo passeio pela musica é vida de Rita Lee! Parabéns pelo texto Luciana!
Muito obrigada, querida!