Saudade, sobre o dia dela

Saudade, sobre o dia dela
Hoje é o dia da saudade!
Cruzes! Quem foi que achou de celebrar um dia desses? Parece até celebrar aniversário de morte, é coisa ruim, dói.
Tem gente que vê coisa boa na saudade. Fala que é melhor sentir saudade a ter passado uma vida inteira sem um sentimento forte por alguém.
Acho linda e romântica essa visão, mas pra mim a saudade é toda ruim. Só não é quando temos a chance de reviver o que nos dá a tal saudade.
Tenho saudade de Paris, mas sei que posso voltar, assim como do Rio de Janeiro, que vivo com saudades e tento matá-la algumas vezes por ano.
Sinto saudade das férias, mas daqui a pouco elas chegam de novo. Saudade de um banho de mar que hoje mesmo fui lá e matei, com a minha mãe.
Mas a saudade mesmo, aquela que aperta o peito porque não tem mais jeito, essa, meu amigo, não tem vantagem nenhuma.
Gente que já se foi, amor que não correspondeu, a infância que não volta e nem a adolescência…
Um filho morto, um pai ou mãe que só existem na memória, a casa da serra que foi vendida pra pagar contas, o apartamento que se viveu uma vida inteira e agora será leiloado… Isso é uma saudade que não há motivo algum pra celebrar. São saudades na sua forma mais legítima, daquelas que nenhum outro idioma consegue traduzir, um sentimento de nó no peito, pensamento longe e um olhar triste, perdido.
Mas voltemos ao tema, hoje é o dia da saudade. Me responda: quem é a primeira pessoa ou momento que lhe vem à mente neste dia? Se é que você pode me dizer aqui. Sua saudade já está fazendo aniversário? Há quantos anos ela lhe acompanha?
Às vezes a nossa saudade é tão proibida e secreta que fica machucando e nem podemos transbordá-la. Mas ela aparece em formato de uma lágrima que cai só porque a unha quebrou, uma tristeza só porque amanheceu chovendo, um suspiro no meio da reunião de metas do mês…
São diversas as formas da saudade dar o ar de sua graça e nos remeter para onde gostaríamos de estar.
É, sendo ou não um dia para celebrar, a verdade é que a saudade existe, ela nasce, cresce, se alimenta, se reproduz e às vezes nem morre ou só morre com quem a sente. A saudade pode até ser companhia.
Viram? Ela é humana, tem nome próprio, portanto tem todo direito de ter seu próprio dia.
Parabéns pra ela!

Você também pode gostar

Deixe aqui o seu comentário

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.