Sintonia Fina

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Estava em um restaurante e na mesa ao lado um homem e uma mulher. Não pareciam um casal, não transmitiam tanta intimidade no falar e isso eu percebo no ato, percebo até quando a relação está desgastada, mas isso não interessa agora.
Sozinha eu estava e comecei a prestar atenção, discretamente, ao assunto. Lá vai:
– Mas ainda não descobriram um novo planeta depois de plutão…
Pensei: Jesus! Se a ideia deste moço era a conquista da garota, já era! Que papo chato! Bola fora.
Mas, para minha surpresa e para começar a explicar o por quê deste post, a garota emenda a conversa:
– É, mas o buraco negro do universo…
E ele continua:
– A força eletroquímica…
– A via láctea…
E por aí foi. Obviamente que eu também abstraí e parei de xeretar, até porque pedi a caneta do garçom emprestada para escrever sobre o que considero um dos ingredientes mais raros em uma casa, a Sintonia Fina.
Estou falando de sintonia fina (ou phyna, para ser mais enfática) e não da sintonia básica que muitos casais têm e que também é importante, mas muitas vezes não é o suficiente para mantê-los ligados.
Dizer que ambos gostam de sair para jantar fora, ir à praia e dormir de conchinha é muito fácil, é básico. A maioria das pessoas gosta. Sei também de casais sem sintonia alguma e que devem estar lendo isso e dizendo: Ah! Se ele gostasse pelo menos de cinema… Se este é o seu caso, colega, a coisa está feia pro seu lado.
Certo dia encontrei com uma amiga que vinha com o marido de uma feirinha em plena quarta-feira à noite, perguntei: Mas o que foram fazer lá? Ela falou que eles adoram comprar imã de geladeira. Em minha última visita à são Paulo, vi um casal andando de bicicleta às 23h, juntinhos, só ele e ela.
Você acha que um casal que curte algo tão específico (imã de geladeira e pedalar tarde da noite) é capaz de se separar algum dia? Claro que não, pois, para chegar neste nível de sintonia, tem um caminho longo de aceitação, admiração e amor, que são a base do sucesso para uma relação duradoura.
A tal sintonia fina não necessariamente já vem pronta, ou seja, os dois tinham seus gostos malucos e o destino os uniu. Isso é lindo, mas não é tão comum. Pode acontecer de a vontade de estar junto, de vibrar com a felicidade do outro, de querer ser parte integrante dos detalhes do parceiro ou da parceria seja algo tão incrível, que os hábitos do outro também vão se tornando nossos.
Alguns “modernosos” (que hoje me parecem mesmo é retrógrados) vão dizer que isso é perda de identidade, isso é anular-se e blá, blá, blá. Pois é, mas enquanto uns vão lutando para ter a sua individualidade preservada, outros, bem mais sábios, vão sendo felizes, sem ter de lutar com o mundo para preservar o seu “eu”, quando o que mais se quer é estar bem pertinho do “eu” do outro.
Voltando ao casal inspirador deste texto, nem sei se são casados, namorados ou se só trabalham juntos lá no planetário da Gávea, só sei que se quiserem construir uma vida a dois, têm tudo para serem felizes para sempre.

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3 respostas

  1. Ao que chamas de sintonia fina, pergunto: não será a tal “alma gêmea”? Então, isto é real, eu vivo essa sintonia fina.Abraços, Lúcia Crisóstomo.

    1. Que benção! Sintonia fina é raridade e é para quem sabe apreciá-la e cultivá-la. Feliz de quem encontra e reconhece sua alma gêmea a tempo. Parabéns!

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