Desculpem o transtorno, mas preciso falar do amor

amor, Gregório Duvivier, Clarice Falcão
Coisa mais linda é o amor, né?

É tão lindo que nem precisa de dois, basta ser de um só. Que nem a carta que o Gregório Duvivier escreveu pra Clarice. Quer dizer, eu nem sei se a Clarice não ama o Gregório, porque o amor tem dessas também, os dois se amam, mas não se encontram mais.

É porque o amor tem mais de um tipo.

Tem daquele de ternura, tem daquele de tesão, o amor do bem querer, o amor egoísta, o amor possessivo, amor bandido, amor frustrado, amor magoado. Amor de renúncia, amor de entrega, amor proibido… Amor sei lá do que, só sei mesmo é que é amor.

Que nem o amor do Gregório pela Clarice. Um amor que é só dele. Que não tá ligando muito pro amor que ela sente por ele ou pro outro. Gregório só ama e pronto.

Amar é verbo intransitivo, né? Já disse Mário de Andrade.

Igual aquela pessoa que fica feliz em ver o ouro feliz, mesmo sabendo não ser ela o motivo da felicidade. Eu  li isso num cartão, há muitos anos, e me tocou. Desculpa o cliché e por colocar logo embaixo de Mário de Andrade uma frase tosca dessa, mas o amor é assim mesmo, né?, sofisticado e brega numa só pessoa. Na primeira pessoa do singular, nem carece de ser plural.

O importante é ser amor. Igual a esse que o Gregório sente pela Clarice.

Amor, quando é amor assim, que nem esse do Gregório pela Clarice, se alimenta é dele mesmo. É autossuficiente em vitaminas, proteínas e sais. Regado a vinho, cachaça, no caso se ele vir a machucar e uma boa dose de Chico Buarque, porque amor assim tem mania sangrar.

Taí que eu queria um amor assim. Igual a esse que o Gregório sente pela Clarice. Eu queria era ser a Clarice, mas não do Gregório, mas de outrem.

Como bem cantou Fausto Nilo, no seu azul da estrela, eu queria mesmo era ser o “Only you” de alguém. Ai, ai! “É muito mais que o azul de Zanzibar, Paracuru.”

Não, pensando bem, tá tão difícil achar amor nesse mundo, que quando o encontrar, quero ser amada também. Quero é me inebriar, me embriagar, me afundar todinha num amor assim, como esse que o Gregório sente pela Clarice, que eu acho lindo.

É um  amor que admira, que contempla, que enaltece, que te faz sentir a criatura mais bacana desse mundo, mesmo tu sendo um  desastre no Jazz, no desenho, no vôley… Mesmo você sendo você.

Mas eu continuo achando lindo esse amor. Esse amor aí, igual ao que o Gregório sente pela Clarice, que não sei se ama alguém.

A trilha sonora de hoje poderia vir de Amado Batista a Chico Buarque, mas vou ficar com música do meu conterrâneo de quem sou fã: Fausto Nilo.

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