Viagem de avião – parte 1

Viajar de avião é uma agressão física!
Não é à toa que se chega exausto do lado de lá, seja para perto ou longe, de primeira classe, econômica, ou executiva. Tanto faz! Você, se tudo der certo, vai chegar ao seu destino mortinho da Silva.
O problema não é o desgaste físico, até porque se passa horas e horas sentado, seja esperando no aeroporto, ou durante a viagem em si. A questão está no desgaste emocional da coisa.
Primeiro você fica naquela ansiedade no dia da viagem: será que botei tudo na mala? Será que tem coisa demais? Será que vai estar frio, calor… Como se toda viagem a fazer tivesse o Alaska como destino, ou seja, nenhuma farmácia por perto, nem loja, nem nada para o caso de faltar algum item.
Depois vem a segunda ansiedade: será que vai ter trânsito? Melhor sair mais cedo? Espero um pouco em casa? Será que vou perder o voo?
Pronto! Finalmente você chegou a tempo no aeroporto. Aleluia! Deu certo!
Vem a hora do check in. Agora, com o incrível avanço da tecnologia, não existem mais pessoas para esta função, mas, sim, máquinas e você terá de se virar com elas, tenha a sua pessoa 0 ou 100 anos de idade e seja afeito ou não ao mundo digital (lê-se: você pode ser uma anta on-line, como esta escritora que vos fala).
Depois você entra na fila, despacha a bagagem, reza para não ter de pagar excesso de peso e vai.
Hora de passar no raio x. Aqui, meu amor, você pode ser a Madre Teresa de Calcutá, mas será tratada como um Bin Laden! Não tem jeito, tudo apita, até o seu caríssimo Louboutin. Pode descer do salto, Cinderela, passe pela porta dos desesperados e siga. A viagem ainda nem começou!
Vem a hora do embarque. Se quem está aí do outro lado, assim como eu, não é idosa, não está grávida, nem tem cartão vermelho mega plus da Tam ou da Gol, pode esperar sentado! Vai demorar, mas vai chegar a sua vez.
Pronto! Agora que já se chegou na nave, pode relaxar, né? Qual o que, babe?! A partir de agora, a coisa só piora!
Você escolhe a poltrona do corredor e tem de se levantar duas vezes para os que escolheram janela e meio. Você coloca a sua malinha de mão em cima da sua cabeça, mas vem um espertinho e joga seus pertences pra lá, a fim de que possa colocar os dele em cima da cabeça dele… E da sua!
Todos sentados, momento das explicações em caso de emergência. Começam a passar uns pensamentos meio trágicos e você pensa lá com seus botões: e se esse avião realmente pousar na água? E se essas máquinas de oxigênio realmente precisarem cair sobre a minha cabeça? E se amanhã o meu nome estiver em cadeia nacional por um motivo nada glamouroso?
Agora não adianta mais. Perdeu, playboy!
Hora da decolagem. Meu amor, até o mais ateu daquela geringonça, que dizem ter sido feita para voar, mas só pode ser mentira, se apega com Deus e todos os santos. Pede perdão, jura que nunca mais, reza um Pai nosso e uma Ave Maria. Só não reza o Salve a rainha porque não sabe e, ainda assim, jura que vai aprender, se tudo der certo. Amém!
Você fecha seus olhinhos para tentar dormir o voo inteiro e acabar logo com aquele suplício, mas vem o comandante lá da Terra do Nunca, a sua cabine, de onde ele comanda agora a sua vida:
-BOM DIA SENHORAS E SENHORES…
E o pobre do seu coração até entende que era apenas uma saudação e não a notícia de uma pane na turbina, mas isso quando ele já saiu pela sua boca e agora bate na sua mão. Engula-o novamente, está tudo bem!
Ufa! Agora você já pode dormir um pouquinho pra chegar com uma carinha ótima no seu destino… Qual o que!?
Luzes acendem, – é pane de novo? Calma! Não! É apenas a hora do famigerado lanche, Aquela pior e mais demorada refeição da sua vida!
Tudo demora nessa hora, esteja você na poltrona 1 ou na 37, vai demorar! Se você é o primeiro a comer, vai ter de aguentar as luzes acesas e o cleck, cleck dos copos de plástico e papeis de sanduíche até TODO MUNDO acabar de comer.
Acabou! TODO MUNDO comeu, os copos e papeis de sanduíches, balas, jornais velhos serão recolhidos. As luzes serão apagadas para você finalmente tirar um cochilo e… Seu vizinho quer ir ao banheiro. Saco! Porém, ele está no direito dele e você, já que não tem o que fazer, a não ser esperá-lo em pé para não ter de se levantar duas vezes, resolve ir ao banheiro também, só “pra dar uma checada”.
Péssima ideia! Você constata que sua pele está toda ressecada, a sua roupa amarrotada e você está um bagaço. Se quem for te buscar no aeroporto chamar-se Amor da sua vida, a depressão é pior ainda.
Volte para sua cadeira, é melhor, pois a essas alturas – literalmente – vai já começar aquela turbulência e o comandante vai mandar apertar os cintos.
Agora, sim, vai dar tempo daquela sonequinha reparadora, mas o piloto, novamente da terra do nunca, sua cabine, que não deve ter mais o que fazer, vai falar da temperatura no destino, vai agradecer por estarem ali, vai dizer que é um prazer e vai desejar uma boa semana ou final de semana.
– Te concentra e dirige esta jamanta que voa, Infeliz!
Tadinho, ele só quis ser simpático, eu sei. Fofo!
Agora você já desistiu de dormir retoca o que dá pra retocar com o que tem na sua necessaire e aguarda o pouso. Momento tenso, mas de um grande alívio. Ufa! Fim da viagem e você com aquela sensação de que apanhou durante três horas de um Samurai.
E ainda há quem diga que a melhor coisa desse mundo é viajar… Tipo eu! Rsrs
Até a próxima!

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2 respostas

    1. Mikaelly, eu tenho um pensamento que é o seguinte: medo mesmo a gente tem que ter de nunca mais poder sair da nossa cidade e conhecer lugares novos. isso é que dá medo. rsrs
      Então, se joga! Ou melhor, voa!!!

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